EM PERIGO A REFORMA DA SAÚDE
Tudo aponta para uma derrota histórica dos democratas em Massachusetts na eleição para o lugar no Senado que pertencia a Edward Kennedy. Desde há 38 anos que a direita não elegia um senador naquele estado. O lugar em disputa pertenceu a John Kennedy e era do seu irmão mais novo, recentemente falecido, desde 1960.
A candidata democrática, Marta Coakley, partiu com uma enorme vantagem nas sondagens, ainda há cerca de um mês tinha cerca de 30 pontos de diferença, mas foi perdendo gradualmente apoio até chegar à situação em que está hoje, vários pontos abaixo do seu opositor, Scott Brown, do partido republicano.
Para além do que a derrota representa do ponto de vista simbóloco, num estado que tradicionalmente não vota republicano, ela pode inviabilizar a reforma da saúde. Com efeito, o texto aprovado pelo Senado na véspera de Natal não é igual ao que foi aprovado posteriormente na Câmara de Representantes, tendo, por isso, de voltar ao Senado.
Teoricamente os democratas ainda teriam uma chance de aprovar a reforma, antes que a minoria de bloqueio, agora com 40 votos, começasse a funcionar. Para isso teriam de aprovar a reforma antes que a eleição de hoje seja confirmada, o que leva cerca de um mês. Mas isso constituiria um enorme escândalo e ainda agravaria mais a situação de Obama e dos democratas para as eleições de Novembro.
Obama não poderia ter pior ocorrência para comemorar o primeiro aniversário da sua eleição. O que se está a passar na América é uma grande lição para quem suscita grandes expectativas...e depois fica a meio caminho, acabando por não agradar a ninguém: nem a quem o apoiou, nem a quem o combateu.
Se é certo que o partido democrático está longe de ser tão monolítico como é hoje o partido republicano, dominado pelos neoconservadores, não sendo, por isso, fácil impor-lhe uma linha política, também não é menos verdade que Obama tem responsabilidades no que se está a passar por ter sido excessivamente conciliador em muitas matérias onde poderia ter sido mais incisivo. Além de ter colocado no seu governo, em lugares fulcrais, personalidades que nada tem a ver com a prometida mudança.
O colapso da reforma da saúde, se ocorrer, abalará a credibilidade do Presidente e a sua aceitação junto dos seus apoiantes.
4 comentários:
Assim seja, CP, para que se desvaneçam as ilusões. Por enquanto a potência imperial é a potência imperial, quer o presidente se chame Obama, Bush, CP ou VM.
VM
P.S.:
O VM deste e do anterior comentário não tem nada a ver com o outro VM.
Estou certo que este esclarecimento era desnecessário mas, em defesa da honra, aqui fica.
VM
Caríssimo VM
Para mim, como sbes, o esclarecimento era desnecessário. Todavia, quod abundat non nocet.
Abraço
CP
O esclarecimento não era, obviamente, para ti nem para os habituais frequentadores do blogue.
Era para alguém muito distraído que, distraidamente, passasse por aqui.
Ou será que, mesmo anónimo, não tenho direito à defesa da honra?
Abraço
VM
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