A PREOCUPAÇÃO DA ALEMANHA
Já neste blogue chamámos a atenção para o facto de a Alemanha ter introduzido na Lei Fundamental uma disposição imperativa sobre o montante máximo admissível de défice na Federação e nos Länders.
Que me recorde, não li na imprensa portuguesa nem ouvi nos comentários televisivos, nomeadamente de economistas, qualquer referência àqueles factos. Na altura em que tais disposições foram aprovadas comentámos o significado político daquelas normas. É evidente que a questão do euro é uma questão fundamental para a Alemanha. Tal como acontecia com o marco, a RFA também não abdica de um euro forte.
A situação da Grécia com um défice declarado de 12,7%, mas que toda a gente admite ser muito superior, tem causado grande preocupação em Berlim. Por vontade da Alemanha, a Grécia teria de tomar imediatamente medidas com vista à redução drástica daquele desequilíbrio. Como o não pode fazer, vai dizendo que não prevê tempos fáceis para o euro nos próximos anos.
É claro que a situação da Grécia, como seria ou será a de Portugal, não inibe a Alemanha de se pronunciar, mas o que a Alemanha verdadeiramente teme é um desequilíbrio estrutural noutros países, de outra dimensão económica, como a França, a Espanha e a Itália.
Se a falta de competitividade da maior parte das economias do euro continuar a acentuar-se – facto que até agora tem atingido apenas as economias dos países periféricos – o conflito entre os que defendem um euro forte e os que pretendem um euro que torne as economias mais competitivas vai necessariamente ocorrer.
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