sexta-feira, 10 de abril de 2009

AFEGANISTÃO: UMA NOVA OPORTUNIDADE?



A OPINIÃO DE SEVERIANO TEIXEIRA OU DO MINISTRO DA DEFESA?



Na passada 5.ª feira o Ministro da Defesa publicou um artigo no jornal “Público”, intitulado “Uma nova oportunidade”.
Nele o autor diz: “Os militares portugueses estarão presentes na ISAF, sem caveats que prejudiquem o seu emprego como forças combatentes, porque a fronteira de segurança nacional está no Afeganistão” (sic). E acrescenta que o nosso compromisso com a NATO “implica um reforço significativodas forças portuguesas no ISAF.”
A primeira coisa que ocorre perguntar é se trata de um artigo de opinião de Severiano Teixeira sobre a “relação transatlântica” e a guerra no Afeganistão, ou se se trata antes de uma comunicação do Ministro da Defesa sobre como vai evoluir a posição de Portugal relativamente àqueles dois temas.
Assunto que não é de importância menor, nomeadamente no que respeita ao Afeganistão, por várias razões:
Em primeiro lugar, ainda há bem pouco tempo o Ministro dos Negócios Estrangeiros, em resposta a uma jornalista que o confrontava com um menor esforço de Portugal naquele teatro de guerra, respondeu que haveria uma mudança da natureza da missão, mas que se manteria o mesmo esforço;
Em segundo lugar, o Primeiro-ministro ainda não anunciou, nem à opinião pública, nem ao Parlamento, qualquer modificação significativa da presença portuguesa no Afeganistão;
Finalmente, este é um daqueles temas em que o Presidente da República tem, constitucionalmente, uma importante palavra a dizer; será que ele já a disse?
Tudo aponta, portanto, no sentido de se tratar de uma opinião de Severiano Teixeira. De alguém que, não obstante as funções que desempenha, não é capaz de fazer calar a profunda admiração pela política de um país estrangeiro, pela NATO e pela “relação transatlântica”.
E nem sequer lamenta que esse mesmo país, cuja política embevecidamente ele admira, ainda há bem pouco tempo tenha sobrevoado o território nacional e nele feito escala com pessoas raptadas a caminho de um campo de concentração sem sequer ter tido a cortesia de informar o Governo português do que estava a acontecer, contrariamente ao que sucedeu, por exemplo, com a Espanha, que está muito longe, como se tem visto, de lhe dedicar idêntico entusiasmo.
Agora, como em Roma, o Império sabe bem como tratar os incondicionais…

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