domingo, 23 de janeiro de 2011

O "OLHAR DO TURISTA"



A PROPÓSITO DOS INDICADORES ECONÓMICOS DE DEZEMBRO

Já aqui abordámos este tema há mais de um ano. Não há olhar mais impreciso, mais imperfeito, menos rigoroso e, simultaneamente, mais convencido das suas verdades do que o do turista.
O turista olha, fotografa, contacta, mas não “vê” o país que visita em toda a sua complexidade, porque isso não é possível.
Ficaram famosas na pré-campanha eleitoral francesa das últimas presidenciais as observações de Ségolène Royal sobre a China, fundamentadas numa visita semi-turística que tinha feito ao grande país asiático.
Foi com um olhar semelhante ao do turista que no passado mês de Dezembro jornalistas, comentadores e muita outra gente asseguravam “com base no que se via” um consumo interno nunca visto em anos anteriores.
Forneciam-se dados parcelares do cartão multibanco, dissertava-se sobre o movimento nas lojas e concluía-se que, afinal, a crise ainda não tinha chegado. Pelo contrário, havia uma vitalidade nunca vista.
E, afinal, segundo os dados do Banco de Portugal, o que se passou foi exactamente o contrário: “a actividade económica entrou em queda em Dezembro de 2010, empurrada sobretudo pelo consumo privado, que recuou 0,5%, segundo os indicadores do Banco de Portugal, ontem divulgados”.
É que uma coisa é o que parece…outra o que é. E o que acontece em Portugal é que a riqueza está cada vez mais injustamente distribuída, há cada vez mais pobres e os ricos são cada vez mais ricos.
O país tem cerca de 10 milhões de habitantes e hoje há menos gente a consumir do que havia o ano passado e há dois anos. Quem olha com o “olhar do turista” não enxerga o que realmente se passa.

1 comentário:

Anónimo disse...

Inteiramente certeira a análise.
Na parte final do ano de 2010 ocorreu ainda a antecipação de despesas por quem as podia fazer e pelos motivos sabidos, o que, sem parecer, ajudou, uns pózinhos, as contas do dr Teixeira e seus muchachos, nomeadamente arredondando a receita com o IA, isto porque segundo OE211 as viaturas ligeiras em nome de contribuintes,grande parte delas, para efeito de dedução fiscal, vão perder parte significativa dessa dedução. Nem toda a gente esteve atenta mas houve que estivesse ou paga a quem esteja.

NG