sexta-feira, 25 de novembro de 2011

24 DE NOVEMBRO: GRANDE JORNADA DE LUTA



A DIREITA DIVIDIDA

O dia de ontem foi uma grande jornada de luta em todo o país contra a austeridade neoliberal, contra o confisco de salários, contra extorsão de rendimentos em proveito exclusivo do capital financeiro e especulativo de que os bancos são a face mais visível.
Não interessa entrar na guerra dos números com o Governo, nem perder muito tempo com a enumeração dos serviços que suspenderam a cem por cento a sua actividade.
O que interessa sublinhar é que tanto o povo que ruidosamente protesta nas ruas como o que sofre revoltado nos locais de trabalho as consequências desta política já perceberam que a austeridade e os sacrifícios que lhe estão sendo exigidos não tem qualquer relação com o interesse dos portugueses genericamente considerados. O povo já percebeu que esta violência quotidiana que sobre ele se abate, sempre com a ameaça de no dia seguinte ser ainda maior, lhe está a ser imposta no interesse exclusivo dos agiotas, internos e externos, que urgentemente precisam de se recapitalizar para prosseguirem a sua exploração.
Há, porém, nesta luta um factor novo, incontornável, de consequências devastadoras para o capitalismo financeiro. Um novo estrato social, jovem, instruído, marginalizado pelo sistema, que se sente condenado, se nada for feito, a viver sem perspectivas de futuro.
Estes jovens não vão aceitar por muito mais tempo as consequências cada vez mais dramáticas das políticas que o capital financeiro e especulativo está a aplicar na União Europeia desde há dois anos. Quem anda na rua, quem acompanha as redes sociais, quem participa nas manifestações, compreende que já se está muito longe da contestação difusa, do queixume sofrido, que acompanharam as primeiras demonstrações de indignação. Hoje o “clima” que se respira já é de outra natureza. Começa a haver uma mudança qualitativa nas palavras de ordem, começa a ganhar consistência uma nova maneira de encarar a asfixiante situação que os enleia. Estas jovens começam a perceber que o sistema não tem saída.
E compreendem que se não há uma saída exclusivamente nacional também sabem que não haverá futuro se ele não começar a ser construído pelas lutas nacionais.
Ao lado do povo assalariado, que há décadas, com mais ou menos intensidade, luta, principalmente nos sindicatos, pela sua libertação, e de uma classe média que, pela primeira vez, sofre uma degradação brutal do seu nível de vida, há agora um “povo novo” que tem pressa, muita pressa, em encontrar uma resposta completamente diferente para o mal que o aflige. E esse povo está a perceber que a resposta que procura tem de ser dada por ele próprio por todos os meios que possa pôr à sua disposição.
Curiosamente, uma parte da direita também já percebeu isto. Percebeu que esta mistura entre este “povo novo” e o povo tradicional que sofre, quase exangue, a extorsão quotidiana, imposta pelos representantes nacionais dos agiotas internacionais, pode ter a curto prazo efeitos explosivos. Por isso quer “moderar a dose”, quer ir muito mais devagar e sem fracturas irremediáveis. É essa a voz de Cavaco, a que outros já se juntaram, contra os falcões do neoliberalismo, que, fanaticamente movidos por uma agenda ideológica, estão cada vez mais dispostos a enveredar por uma espiral austeritária que se auto-alimenta na própria natureza recessiva das medidas impostas.
Seguro, Secretário Geral do PS, continua a não perceber nas negociações em que anda enredado com os representantes dos agiotas que não interessa ajudar a “arredondar as coisas”, deixando-as ficar no essencial na mesma. Continuando a actuar assim apenas engrossa a direita que, com Cavaco, se opõe suavemente ao Governo. E quem tira vantagem disto? Cabe a resposta aos socialistas…






1 comentário:

Anónimo disse...

Há muita gente que está a ficar mesmo "chateada", mas daí a vê-los a abraçar a contestação tipo Intersindical vai um passo que pode nunca vir a ser dado. Penso até que é muito provável que caia para onde muita gente não espera nem ache "lógico". No caso de desagregação da UE, parece-me muito provável a emergência de autoritarismos nacionalistas que podem muito bem enquadrar esses "enraivecidos".

LG