sexta-feira, 11 de julho de 2008

UMA NOTA SOBRE O "ESTADO DA NAÇÃO"

AS GRANDES DIFERENÇAS

Há, por muito que o Primeiro-ministro o escamoteie, uma grande diferença entre a esquerda e o PS em matéria de governação. Em termos simples, a diferença consiste no seguinte: o PS em todos os domínios económicos favorece o capital; a esquerda privilegia o trabalho.
Que o PS o faça porque acredita nos “amanhãs que cantam”, porque não suportaria a oposição dos ricos ou porque tira partido disso, tanto colectiva como individualmente, é assunto que para este efeito não interessa.
A esquerda, permanentemente acossada pelas políticas económicas de direita do PS, propõe sempre o máximo, para ver se, pelo menos, consegue o mínimo.
Não há ponto de encontro entre os dois lados. A esquerda sabe ou teme que qualquer pequena cedência seja aproveitada pelo PS para virar ainda mais à direita. E o PS não avança quase nada, porque permanentemente receia que lhe exijam o que ele não pode dar.
Do outro lado do hemiciclo ou reina a mais completa demagogia, da caça ao voto qualquer que seja a “cor do gato” a que se tenha de recorrer, ou tenta impor-se uma direita socialmente retrógrada, com tiques e posições do passado.
Quaisquer que sejam as semelhanças entre o PS e novo PSD em matéria económica – e certamente serão muitas – há, todavia, um abismo entre os dois lados da bancada em quase tudo o resto. Esta nossa direita tende a todo o momento a reerguer a bandeira do passado, do país a preto e branco, das “estradinhas” de Salazar, do casamento como “remedium concupiscencia”, enfim, do país pequenino e rural…

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