segunda-feira, 23 de maio de 2011

GRANDE DERROTA DOS SOCIALISTAS EM ESPANHA




AGUENTARÁ ZAPATERO ATÉ 2012?

As eleições regionais e municipais de ontem, em Espanha, traduziram-se numa pesadíssima derrota para os socialistas, praticamente varridos do mapa político espanhol. Nas autonómicas, perderam Castilla la Mancha, que era a “ilha da Madeira” deles, Aragão, Astúrias, e Canárias; podem manter a Estremadura, apesar de terem perdido as eleições para o PP, mas somente em coligação com a IU, e o que se passou nas municipais em Andaluzia não deixa nenhuma esperança quanto à possibilidade de manutenção de um dos seus mais importantes “feudos” nas próximas autonómicas.
Nas municipais perderam Sevilha, Barcelona, Zaragoza, além de muitas outras cidades mais pequenas.
Depois da derrota na Catalunha, esta segunda rodada de autonómicas consagrou a rejeição inequívoca da política de Zapatero, tanto à esquerda, como à direita.
A direita espanhola tem a seu favor um passado próximo – os anos de Aznar – de grande prosperidade económica. Entre os seus "troféus" estão a descida acentuada da inflação (como, então aconteceu em todos os países que vieram a integrar a zona euro) e do emprego, a descida dos impostos e o aumento generalizado das prestações sociais. O clima económico que permitiu esta “façanha”, praticamente única – já que a um abaixamento de impostos corresponde quase sempre uma diminuição das prestações sociais -, é sem qualquer espécie de dúvida o que agora leva a este grande volte face do eleitorado, num claro saudosismo pelos anos dourados da economia espanhola, muito potenciado pela crise, mas é também, paradoxalmente, o que em grande medida constitui a causa da crise espanhola – a “borbulha imobiliária”.
Zapatero, que continuou esta mesma política no primeiro mandato, soçobrou completamente no segundo em consequência da crise. Primeiro, não a reconheceu (contrariamente ao que por cá dizem os comentadores e os economistas de serviço) e depois, quando ela já atingia implacavelmente a economia espanhola, aplicou as medidas neoliberais da praxe numa completa subordinação aos ditames ortodoxos do “governo económico” da União Europeia, o mesmo é dizer, da Alemanha e do Banco Central Europeu.

Zapatero e o PSOE, pelo peso da economia que representam, estavam numa situação ímpar para forçar uma política diferente na zona euro, não fosse dar-se o caso de os governantes de Espanha, sejam de direita ou de esquerda, continuarem no seu imaginário político a ter como paradigma Carlos V e Filipe II! A “grandeza de Espanha” não lhes permite fazer frente comum com os pequenos!
Importante também o resultado nas municipais da esquerda abertzale, que altera completamente o panorama politico no país basco. E demonstra, como aqui frequentemente se referiu, que as últimas eleições autonómicas na região não reflectiam a verdadeira vontade popular. Agora que a esquerda pôde concorrer, sob a designação de Bildu, o PSOE foi remetido para terceiro lugar, tendo à sua frente o PNV, com 30% dos votos, e o dito Bildu, com 25%. Bildu confirmou, como também já se sabia, a sua superioridade em Guipuzcoa, com dezenas de maiorias absolutas, enquanto o PNV mantém o seu tradicional domínio em Vizcaya.
O pior, porém, está para vir. Todos os indícios apontam para que, “resolvido o problema português”, se siga a Espanha. E vai Zapatero poder afrontá-lo nas frágeis condições políticas em que se encontra?
Finalmente, é bom não esquecer que, à margem das eleições e da euforia dos vencedores, uma nova força se ergue por toda a Espanha exigindo mudanças profundas, mudanças que nem os actuais nem os futuros governantes estão em condições de realizar…

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