quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

DEBATE CAVACO-ALEGRE



APENAS DUAS NOTAS

Primeira nota: Sobre a ligação de Cavaco Silva ao BPN, lato sensu entendido, Manuel Alegre apenas deveria ter dito a Cavaco: os factos que conhecemos são aqueles que o Presidente da República deu a conhecer ao país, no site da Presidência da República, mais aqueles que, posteriormente, foram desvendados pelo Expresso.
Ou seja, que Cavaco aplicou parte das suas economias na Sociedade Lusa de Negócios e que de lá as retirou muito antes de o BPN se ter constituído num problema nacional – factos de que o Presidente deu conhecimento.
E que as retirou com razoável lucro por, entre o preço inicial das suas aplicações (compra de acções) e o preço da venda, haver um razoável intervalo positivo. E que tanto o preço inicial (da compra) como o posterior (da venda) foram fixados entre o comprador e o vendedor, já que os títulos em causa não estavam cotados na bolsa – factos dados a conhecer pelo Expresso.
Se isto tivesse acontecido com um vulgar cidadão toda a gente acharia normal o negócio. Por que é que o candidato Cavaco Silva se sente então tão incomodado quando lhe falam no assunto?
Por duas razões. Primeira, porque ele é um político, contrariamente ao que pretende fazer crer. Segunda, porque os políticos estão mal vistos, em virtude de haver na opinião pública a generalizada convicção de que os negócios em que intervêm não são sérios…até prova em contrário.
E aqui tem o candidato Cavaco Silva a grande desvantagem de se fazer passar por não político, sendo-o, e de tanto ter contribuído para o seu desprestígio, ou, no mínimo, de tanto ter acentuado o desprestígio dos ditos!
Segunda nota: Embora o Presidente da República não intervenha na função executiva, como agente autónomo dessa função, pode e deve explicar aos portugueses as suas propostas de saída da crise. Ora, o debate de hoje demonstrou que todos os candidatos, com excepção de Francisco Lopes, entendem que a crise tem uma solução exclusivamente interna.
Todavia, quem conheça a história do capitalismo moderno – aproximadamente o último século e meio - e do papel que nele desempenha a moeda dificilmente acreditará que, no actual contexto, a crise possa ter uma solução exclusivamente baseada nas propostas que a generalidade dos candidatos defende.
Pura ilusão!

2 comentários:

vlouro disse...

Caro Zé Manel: só não concordo com essa de o lucro que obteve ser "razoável" (40% em 2 anos! numa empresa não cotada em Bolsa, valor fixado arbitrariamente após uma "ordem de venda" ao presidente J. Oliveira e Costa).
É que se Cavaco não fosse economista...mas sendo, não teria obrigação de se perguntar sobre os contornos de uma tal "Economia" a lembrar a D. Branca? Não deveria mesmo (se tivesse os atributos de impolutabilidade que se atribui) reagir contra quem lhe fixara tal lucro, que até o podia comprometer publicamente?!
O respeito tem de existir, mas tem de começar por "cima"...e com mentiras ou menos verdades não se contribui para a respeitabilidade.

JMCPinto disse...

Meu Caro Vlouro: Falei em razoável, porque não tinha bem a certeza da taxa de lucro. Se é, como dizes, de 40% em dois anos, então ainda se compreende melhor por que fica tão incomodado quando se fala no BPN!
Ou seja, já não se trata de um negócio ao alcance de um "homem comum". Apenas ao alcance de um político!
Abraço
CP