sábado, 11 de junho de 2011

O DISCURSO DE BARRETO



O DEZ DE JUNHO DE CAVACO
António Barreto defende "adequação" da Constituição



Cavaco anda eufórico. Aquele rictus facial que impiedosamente o marcava aliviou-se; sente-se que está solto; conta episódios da infância sem graça nenhuma a propósito das cerejas que não havia no Algarve; viu-se livre de Sócrates – o seu pesadelo pessoal acabou.

E para comemorar a vitória da direita convoca pela segunda vez em pouco tempo Barreto, essa figura da baixa intelectualidade portuguesa, para fazer o discurso de acolhimento aos novos governantes e dar porrada nos que vão sair.

A linguagem, porém, nunca é corajosa, frontal, directa; é sempre uma linguagem de cernelha, um discurso que de quem está de lado e se julga acima, baseada numa pretensa legitimidade que somente ele sabe onde se fundamenta, feita em nome de um suposto interesse nacional de que se considera o verdadeiro intérprete.

Se ele tivesse a coragem e a inteligência de falar por si, em seu nome, e de dizer o que pensa, muito provavelmente ninguém o ouviria porque na realidade ele nada tem para dizer. Então usa o expediente de se arvorar em depositário das lídimas virtudes pátrias para em nome delas nos dizer o que temos de fazer. Mas não contente com isso, acaba falando de igual para igual com o povo a que se dirige: de um lado ele, do outro o povo, elogiando-o hipocritamente para lhe dar conselhos imperativos, próprios de quem se julga detentor dos meios que lhe permitem atingir as metas que ele previamente lhe traçou – enfim, ridículo.

Nesse discurso reaccionariamente bafiento o que diz Barreto tão sublimemente ao povo? Que é tempo de criar laços de afectividade entre patrões e empregados, de fomentar uma “comunidade de cooperação”, enfim, tempo de aceitar o ataque concertado ao trabalho com factor de produção como se não via há mais de cem anos. É esta a modernidade de Barreto e por ela se avalia o que pretende para a juventude, o que realmente quer quando defende a revisão da Constituição ou propõe a reforma do sistema político por ele considerado obsoleto e confuso.

É esta medíocre intelectualidade portuguesa, de que Barreto é um dos exemplares mais exibidos, que condena este país ao atraso, à dependência e ao fracasso.




15 comentários:

Ana Paula Fitas disse...

Carissimo JMCorreia Pinto,
... Obrigado! Era este -ou algo de muito próximo!- o texto que gostaria de ter escrito se tivesse tido a vontade de o fazer... Não tive! ... fiquei enjoada!... enjoada com a baixa intelectualidade, com a descompressão apesar do estado do país... tudo muito revelador de uma natureza fulanizada e enraivecida que não engrandece, antes menoriza o sentido de Estado dos que se avocam o direito de reinar... na minha opinião, caro amigo, e olhando algumas -tantas!- das atribuições medievas distribuidas com critérios também eles pró-feudais, foi o pior 10 de Junho de que tenho memória - apesar de tantos outros sem grande ou nenhum interesse e chego a pensar se ali se não celebrou um novo/velho regime... por tudo isto, obrigado por ter escrito!
Um grande abraço.

Anónimo disse...

Onde é que eu assino?...

A.M.

João Henrique disse...

Essa, foi a imagem com que eu também fiquei.

Um abraço.

MANOJAS disse...

Saudavelmente, nem sempre tenho estado de acordo, mas, desta vez, sim, inteiramente.

Rogério G.V. Pereira disse...

O homem prepara-se para ir para qualquer lado...
Ministro?
Conselheiro de Estado?

O regime, quanto a mim, precisa de homens assim.

Anónimo disse...

Excelente.

V disse...

"Figura da baixa intelectualidade portuguesa" é favor.
Falso intelectual, oportunista, que nunca passou de semi-analfabeto.
V

j.e.simões disse...

Dá-se ares de senador, mas aquilo já é senectude...

dl&ds

Anónimo disse...

Posso estar enganado...mas tenho a impressao que AB vai ao 10 de Junho pela terceira vez e nao segunda. Se assim for, tirou assinatura. Para fazer fretes? Dir-se-ia que sim. Vejamos: tem vindo a dizer - e desta vez foi claro -aquilo que quem lhe da o microfone nao pode dizer: o que se fez naqueles 10 anos deu nisto; agora torna-se necessario desfazer..
Quantos cantos tem "Os Lusiadas"?

Anónimo disse...

Perfeito e Justo.
Obrigado.

Anónimo disse...

Eu ja nao sei para onde me virar!
HL

Anónimo disse...

UM dos intelectuais mais vaidosos de que há memória. Há tempos vi o senhor com a sua ilustre esposa e fiquei com a sensação que íam flutuando tal a vaidade com que ambos se passeavam. Que será feito da Lei Barreto cujos escritos andaram por essas paredes do país durante anos ? Afinal não passa de um Barrete. Mas há quem o queira enfiar ! Foças !!!!!! Farense.

jvcosta disse...

Comecei a escrever um comentário sobre pomposos, senadores, redondos, mas ficou tão longo que deu "post" no Moleskine

Anónimo disse...

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Anónimo disse...

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