segunda-feira, 15 de junho de 2009

PROTECTORADO NA PALESTINA?


UMA PROPOSTA QUE NÃO É SÉRIA

Cada vez é mais evidente que Israel não aceita a constituição de um Estado palestiniano. Já Golda Meir o tinha dito há muitos anos atrás quando pela primeira vez abordou a questão com Nixon. Depois disso os israelitas gozaram sempre da cumplicidade americana e da covardia europeia para negarem a possibilidade desse Estado, mesmo quando, com reserva mental, admitiam a sua existência, na prática sempre subordinada à aceitação de exigências intoleráveis
A proposta que hoje Netanyahu apresentou, como resposta à posição americana, é mais uma vez uma rejeição da existência de dois Estados, posto que apresentada hipocritamente sob a forma positiva da criação de um protectorado.
Em primeiro lugar, a exigência do reconhecimento de Israel como Estado dos judeus é uma proposta racista. Israel é um Estado dos israelitas, sendo como tal considerados aqueles que à luz do direito da nacionalidade israelita tenham esse estatuto, contanto que este direito não ofenda os princípios do direito internacional sobre a matéria.
E acrescentar depois que a Palestina não terá espaço aéreo (ou seja, um território amputado de um dos seus atributos fundamentais), nem exército, são exigências que colocam o novo “Estado” numa nova categoria de protectorados, muito próxima dos protectorados da época colonial.
Finalmente, recusar-se a aceitar o princípio do congelamento da construção de novos colonatos e negar-se, por maioria de razão, a desmantelar os colonatos construídos em território palestiniano, significa igualmente agravar ou manter um status quo que realmente inviabiliza a existência do novo Estado, como, de resto, claramente o comprova as demolições de casas palestinianas na parte ocupada de Jerusalém.
Bem pode a diplomacia americana, através de um porta-voz do presidente, felicitar-se por ter ouvido na mensagem a admissão do princípio da constituição de dois Estados. Na verdade, o que se ouviu foi a negação desse princípio. E Obama se na verdade quer dois Estados ou, querendo, se tiver força para manter essa exigência, mais cedo do que tarde vai ter de dizer aos israelitas que a proposta de Netanyahu é inaceitável.

2 comentários:

Ana Paula Fitas disse...

Vou fazer link para o Forum Palestina. Abraço.

jvcosta disse...

O que é que Netanyahu pensa fazer dos palestinianos que vivem no lado judeu, que são cidadãos israelitas e que até estão representados no Knesset?