SAMPAIO DA NÓVOA E O PS
Face ao que se perfila pelo lado da direita, a esquerda
entendida em sentido lato, de modo a nela englobar o PS, só pode ganhar as
presidenciais se apresentar um candidato susceptível de recolher o voto à
esquerda do PS e simultaneamente for capaz de fazer o pleno do PS. Para isso
terá de ser alguém oriundo do PS que a outra esquerda aprove sem reticências.
Não é fácil. E mais difícil se torna quando o PS tem um secretário-geral sem
capacidade política para tomar a iniciativa que anda manifestamente a reboque
dos acontecimentos.
Nóvoa, tanto quanto se percebe, aparece à revelia de Costa,
com o apoio de Soares, sendo todavia um candidato a que o hesitante e
inconclusivo António Costa não desdenharia dar o seu apoio pela comodidade que tal
candidatura lhe traria no plano da condução interna da política partidária –
dispensava-o de ter de escolher entre vários potenciais aspirantes (quase todos
fracos).
Todavia, já se percebeu, pelas reacções que vieram a público
de gente com peso no aparelho que desta vez a habitual manha de Costa não terá
êxito. Uns porque contavam ser escolhidos, outros porque não querem gente de
fora, outros ainda porque reconhecem que Nóvoa não é um candidato aglutinador, ou
seja, uns por umas razões, outros por outras trazem à evidência um PS
relativamente esfrangalhado para a batalha das presidenciais que se aproxima.
A partir daqui não será difícil antever nova derrota nas
presidenciais com consequências devastadoras no plano político-constitucional.
O PS não aprendeu nada com Cavaco. Ou talvez pior: o PS não considera grave a
permanência de Cavaco em Belém por 10 anos. Para o PS importante é ganhar as legislativas.
Simplesmente, ganhar…já que de política lhe parece bastar a receita de Passos e
Portas com alguns arredondamentos. Os possíveis.