PEDRO SANCHEZ EM GRANDES
DIFICULDADES
Não está fácil a formação de um Governo em Espanha na actual
composição parlamentar. Sanchez, muito pressionado pelos “barões”, tenta a
quadratura do círculo: um governo com Ciudadanos e com Podemos. Mas Ciudadanos
não aceitam pertencer a um governo em que esteja o Podemos, nem sequer
abster-se. E Podemos, neste quadro, como diz Iglesias, nem tem que se
pronunciar.
PP (Rajoy) votará contra um Governo PSOE/Ciudadanos e o
mesmo fará o Podemos. Aliás, Rajoy já informou que o PP só participará em
governos liderados por ele.
Uma aliança PSOE/Podemos precisa de mais 15 deputados (votos a
favor ou abstenção) para passar. Tanto o PP como os Ciudadanos já declararam
que votarão contra. Como os socialistas impuseram a Sanchez a recusa de aceitação
da abstenção dos independentistas da Catalunha, tendo também um dos partidos
catalães (Democracia e Liberdade) declarado que votaria contra tal aliança,
restam os deputados da Izquierda Unida e do PNV…que não são suficientes.
Entretanto, multiplicam-se as pressões para a formação de um
governo PP/PSOE ou, no mínimo, um governo PP/Ciudadanos com abstenção do PSOE.
Pouco provável depois de tudo o que Sanchez já disse, a menos acontecesse algo
que também não parece provável: a renúncia de Rajoy e a sua substituição por
alguém menos ligado à corrupção.
Se esta última solução (muito do agrado dos “barões” do PSOE
e já publicamente apoiada por Felipe Gonzalez) fosse posta em prática, Sanchez
perderia a face e o PSOE o papel de partido alternativo, intensificando muito
provavelmente a sua “pasokização”.
Daí que o mais provável seja a convocação de novas eleições,
parecendo agora que os mais prejudicados com esta solução seriam o PSOE e os
Ciudadanos.
Insistimos na “questão espanhola” porque estamos plenamente
convencidos que somente uma solução à esquerda em Espanha poderia garantir
algum alento à actual solução governativa portuguesa.
Sem a voz de um grande país que não tenha dúvidas em
secundarizar o Tratado Orçamental relativamente à defesa do estado social (promessa
que Sanchez não se tem cansado de repetir e, obviamente, também Iglésias) vai
ser muito difícil a um país pequeno, como Portugal, resistir à chantagem de
Bruxelas, internamente apoiada pela direita anti-patriótica do PSD e do CDS,
mantendo-se a nossa governação no quadro do chamado plano A.
E há condições políticas para ameaçar pôr em prática o Plano
B? Ninguém duvidará, sejam quais forem as intenções de quem governa, que estão
sendo dados passos muito importantes para demonstrar a inviabilidade do Plano A.
Ou dito de outra maneira: começa a ficar evidente aos olhos dos democratas que o
Plano A pressupõe a inutilidade do voto popular, a aniquilação da democracia e
a completa submissão a uma doutrina económica transformada em norma constitucional
pelos agentes do capitalismo neoliberal de dominante financeira.
Não se trata, como alguém ainda ontem disse, de ver a União Europeia
como uma URSS sem KGB. Trata-se de muito mais do que isso. Trata-se de impor a
governação económica capitalista de acordo com uma determinada doutrina
económica com exclusão de todas as outras. E isto é novo. Nunca isto tinha
acontecido antes nem nos países capitalistas, nem nos países socialistas. Antes
desta hegemonia do capital financeiro e do monetarismo, o que existia eram
diferentes sistemas de organização das sociedades. Digamos, para simplificar,
umas que só poderiam alicerçar-se na apropriação individual dos meios de
produção e na livre iniciativa e outras na apropriação colectiva dos meios de
produção. Mas não havia em nenhuma delas a obrigação constitucional de
economicamente as gerir apenas e só de acordo com uma determinada doutrina
económica. Em capitalismo havia várias experiências que coexistiam no tempo em
diversos países ou que no tempo se sucediam em busca daquilo a que poderíamos
chamar a eficiência do sistema. O mesmo se poderia dizer relativamente aos
países socialistas, porventura com menos variantes, mas sempre com múltiplas
experiências e com idênticos objectivos.
A situação com que hoje nos deparamos na Europa é nova e tem
consequências políticas assustadoras. Deixá-la consolidar corresponderá a um
dos maiores retrocessos civilizacionais dos tempos modernos. Por isso, é bom
que todos nos vamos preparando para, mais dia, menos dia, termos de pôr em
prática o plano B.
3 comentários:
Como diria o A. Cunhal, a verdade é como o azeite, vem sempre ao de cima.
Ou seja, não há futuro para os povos na europa do capital!
A.Silva
Carecemos de um contraponto à vacina Grega, como de pão para a boca. Tanto mais que os tambores da guerra fazem sempre ecoar o seu som surdo, quando do lado da racionalidade já nada sobra.
Não haja dúvida, quem, desde o início, tem tido alguma coerência neste matéria tem sido o PCP (veja-se o que então dizia e escrevia CCarvalhas) embora, desde há algum tempo, venha a matizar (tacticamente talvez) a sua visão - não propõe a saída do euro/cee apenas a preparação para essa eventualidade-. Agora a veredadinha: quem é a favor dos tratados tem que os cumprir quem é contra abandona a carroça. É evidente que esta clarificação não é própria dos políticos...são a favor de uma coisa e do seu contrário... Claro que dizem ah.. mas a Alemanha também violou os limites (argumento falacioso na essência), ah... mas a França .. a Itália também não cumprem.... Pois, mas como canta o Quim Barreiro "!só pode quem pode".
ps Só agora uma série de gentinha acordou (e vão esquecer rapidamente) para o regabofe da Entidades Reguladoras, as Altas(altíssimas)Autoridades etc. Indignam-se muito mas esquecem logo a seguir, o Banif faz esquecer o Bes, este o BCP, este o BPN. A Nova Maioria poderia ter dado prioridade a estes casos mas não, a adopção pelos homosexuais é que era decisiva, até nisto o PC se engana, muita gente que lhe era fiel começou a torcer o nariz à sua adesão aos temas da canalha do Bloco. Faço votos, para bem dos espanhóis, que a tralha dos podemistas não possa continuar a debochada do Sapateiro.
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