quinta-feira, 5 de setembro de 2019

BREXIT


O QUE SE NÃO DIZ
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Sobre o BREXIT há duas coisas que me espantam: a primeira tem a ver com o facto de todos os comentadores europeus (do sistema) se desdobrarem em argumentos sobre as consequências negativas do BREXIT para o Reino Unido - consequências de todo o tipo, estratégicas, políticas, económicas, financeiras, sociais, etc., - e nunca abordem o outro lado da questao: as consequências do BREXIT para a UE e seus EM; a segunda, assentando no mesmo pressuposto, tem a ver com o facto de ninguém se interrogar por que razão uma parte considerável do RU - veremos se maioritária ou não - continua a lutar por um BREXIT sem acordo, deixando-se, pelo contrário, implícita a ideia de que somente um bando de loucos poderia estar de acordo com este desfecho ou defender tal posição.
Quanto à primeira questão, parece me evidente que a saída do RU da UE terá consequências políticas para esta muito mais graves do que para o RU, embora algumas delas se não produzam imediatamente. Basta dizer que para os países da Europa Ocidental, com excepção porventura da Espanha e talvez da Itália, a presença do RU na UE constituía uma espécie de garantia implícita contra a hegemonia germânica, como muito brevemente se perceberá quando a Alemanha der por findo o longo período de "luto" que se viu obrigada a fazer depois da derrota na segunda guerra mundial. Além desta consequência politica, haverá danos económicos irreparáveis para um número significativo de economias da UE que têm no RUo seu principal mercado.
E por aqui chegamos à segunda questão: o RU deve pugnar por um BREXIT sem acordo porque essa é a única via que lhe permite negociar um acordo aceitável em condições muito mais vantajosas do que as que agora dispõe. Ou seja, o RU só tem a perder negociando um acordo antes de sair e a UE só teria a ganhar. Daí que esta já tenha passado qualificar o BREXIT sem acordo como uma catástrofe natural de graves proporções.
Conclusão:o RU quer um acordo com a UE, mas não o quer negociar em condições de manifesta desigualdade.

6 comentários:

Rogério G.V. Pereira disse...

Descomplicando:


«Haverá certamente impactos negativos com o Brexit, mas com o que se vai escrevendo e dizendo, destilando receios e catastrofismo, até parece que a Inglaterra e Portugal só têm relações comerciais e diplomáticas há 3 décadas, aquando da adesão do nosso país à CEE/EU.

O Instituto Nacional de Estatística (INE), a propósito do Brexit, assinala que apesar de ter vindo a perder peso relativo no comércio com Portugal desde a adesão à Comunidade Económica Europeia, o Reino Unido continuou ao longo dos anos a ser um parceiro comercial relevante.

Agora há quem afirme que com o Brexit, os dados podem alterar-se.

Segundo dados do INE, em 2016, de entre as 46.364 empresas exportadoras de bens, somente 2.758 o fizeram para o Reino Unido. Destas, apenas 32 (1,2%) exportaram exclusivamente para o Reino Unido, tendo sido responsáveis por 1,2% do valor exportado, enquanto 8,2% dessas empresas, ou seja 227, registaram uma concentração das suas exportações superior a 50% nesse mercado correspondente a 15,7% do valor exportado.

Verifica-se assim não ser expressivo o numero de empresas que registam uma dependência grande do Reino Unido, concentrando naquele mercado uma percentagem significativa das suas exportações.»

Se for caso de pretender conhecer o texto integral, diga.

Sobre quem mais sofre com a saída, seu texto é claro.

Jaime Santos disse...

A relação de forças não favorece o RU, é tão simples quanto isso. E faz bem a UE em preparar-se para uma saída sem acordo e utilizar fundos que normalmente não poderiam ser usados a não ser em catástrofes (é esse o ponto).

A imagem de Gove, responsável pela preparação britânica, a assistir a um exercício das autoridades alfandegárias francesas, que pelos vistos já contrataram 700 novos agentes e se prepararam bem para o no-deal (quem o diz é Mark Carney, Governador do Banco de Inglaterra, quando disse recentemente que o Brexit causará uma menor queda no PIB britânico, também graças aos esforços além-Mancha), pertence à comédia negra.

O que não seria aceitável era que se desse ao RU um acordo que permitiria todos os abusos e colocasse em causa o Mercado Ùnico. E o comportamento dos britânicos enquanto membros da UE mostra que se há coisa que não se pode fazer é confiar neles. Tem que estar tudo por escrito...

Quem detesta a UE desejaria que o Brexit servisse para expor as suas fracturas. Mais depressa se fractura o RU, infelizmente com consequências que podem ser trágicas no caso do Ulster...

Esse tipo de opiniões enquadram-se, isso sim, naquilo que os Britânicos chamam 'wishful thinking'.

Pela minha parte, se querem sair sem acordo, pois que o façam e pode depois o Partido Conservador implementar o seu programa 'Britannia Unchained'.

Era com isto que os adeptos de um Lexit sonhavam?

Seja como for, o presente Parlamento Britânico não parece muito convencido das virtudes de um no-deal. Não era também de soberania nacional que se falava, ou ela só é boa quando serve certos propósitos ideológicos e não outros?

As sondagens não são boas para o Labour, mas se este ganhar as próximas eleições, teremos provavelmente um novo referendo. Uma vitória do Remain provocará sérios engulhos à Democracia Britânica, com os vencedores do referendo anterior a gritar traição, mas se acontecer será porque os povos, pois claro, podem mudar de ideias...

Suspeito pois que quem há tempos gritava aos quatro ventos as virtudes do programa socialista de Corbyn estará agora a torcer pela vitória do reaccionário Johnson. Cuidado com o que desejam...

Anónimo disse...

"Cuidado com o que desejam"?

O que significa exactamente isto?

Que Jaime Santos quer agora uma vitória de Corbyn a quem presenteou com uma série de insultos vis e miseráveis?

Ou que Jaime Santos se esqueceu da figurinha que andou a fazer ao contestar a legitimidade democrática do referendo no Reino Unido?

Anónimo disse...

Parece que JS é a confirmação do que diz este post.

"A saída do RU da UE terá consequências políticas para esta muito mais graves do que para o RU, embora algumas delas se não produzam imediatamente."

Só assim se justifica a histeria de Jaime Santos.

Só assim se justifica a idiotice ( é o termo) de JS escrever :"Pela minha parte, se querem sair sem acordo, pois que o façam"

A agitação contínua misturada de insultos e de falácias da parte de Jaime Santos ao longo do tempo revela bem a "preocupação fundamentalista" dos euroinómanos.

Não gostam de escolhas democráticas


E ninguém quer saber da opinião de JS na questão da eventual saída do RU da UE.

JS por mais posts que dissemine no éter ainda não é voz activa na questão.

Isso queriam ele(s)

Anónimo disse...

A prova de não gostarem de escolhas democráticas radica nos factos que temos assistido ao longo do tempo

Sublinhados aqui involuntariamente por JS

De forma um pouco tosca,mas seguramente demagógica, dirá JS:
"Seja como for, o presente Parlamento Britânico não parece muito convencido das virtudes de um no-deal. Não era também de soberania nacional que se falava, ou ela só é boa quando serve certos propósitos ideológicos e não outros?"

Não, não era só de soberania nacional que se falava. Era de respeitar um referendo. Cujo resultado ultrapassa o convencimento do parlamento britânico sobre o no-deal ou o deal completo


Parece que os propósitos ideológicos perseguidos por JS revelam uma descarada afirmação anti-democrática.

E anti-soberania nacional, ao pregar continuamente desta forma um pouco histérica os malefícios dos povos não escolherem as grilhetas de Bruxelas


jvcosta disse...

Zé, je dirais même plus!