PARA MEMÓRIA FUTURA
A RTP
escolhe a dedo os seus correspondentes no estrangeiro. Este que está na América
é incapaz de contar o que se passa. Acantonou - se numa avenida de Minneapolis
e está manifestamente ansioso por começar a atacar os manifestantes
Bolas, é
demais!
20/06/02
CENTENO
Querem saber quem é o Centeno como Ministro das Finanças? Leiam o programa económico com que o PS se apresentou às eleições em 2015 e logo perceberão o que vale o Centeno politicamente.
Os
grandes ministros das finanças da primeira legislatura de António Costa
chamam-se Jerónimo de Sousa e Catarina Martins, apesar de sistematicamente
travados por Centeno nas cativações.
Por
último, Centeno mostrou a faceta mais lamentável da sua personalidade política
durante a pandemia - uma covardia política como raramente se vê.
20/06/09
A
INDEPENDÊNCIA DO BANCO DE PORTUGAL
Já aqui (no fb), e no Politeia, dissertamos longamente sobre a “independência” das entidades reguladoras. Não vamos, por isso, voltar a desenvolver o tema. Vamos apenas recordar que a “independência” das autoridades reguladoras é uma invenção do neoliberalismo destinada a afastar o Estado da defesa do interesse geral, colocando-o ficticiamente numa posição de igualdade relativamente aos privados que dominam as empresas cujas actividades as entidades reguladoras supostamente regulam. Ficticiamente, já que na realidade o que acontece é a quase completa subalternização do Estado relativamente aos interesses do capital.
Por isso, nos não parece pedagogicamente aconselhável discutir a nomeação do próximo governador do Banco de Portugal em função da sua maior ou menor proximidade com o partido X ou Y. De facto, a questão não está em saber se Carlos Costa não servia porque estava muito ligado ao governo de Passos Coelho ou se Centeno também não pode ocupar essas funções por antes ter desempenhado as de Ministro das Finanças. A questão está na falsa independência do Banco de Portugal e na desresponsabilização do governo por tudo o que nele se passa com pesadas consequências para os cidadãos em geral.
Como o
tema é demasiado importante na governação de qualquer país, ele deve ser
inequivocamente apresentado pelos partidos políticos que rejeitam o
neoliberalismo bem como a sua institucionalização pela via dos múltiplos
expedientes de que este se serve para afastar o Estado do papel que lhe compete
– a defesa do interesse geral tal como o governo o interpreta em programas
eleitoralmente sufragados pela via eleitoral. Embora não seja possível alterar
os estatutos do Banco de Portugal nem os do BCE por via de declarações
políticas, é possível contudo defender politicamente uma actuação dos bancos
centrais que aponte no sentido de promover o desenvolvimento e o emprego, como
interesses de primordial importância para o Estado enquanto representante do
interesse geral, em vez de se aceitar passivamente uma actuação que tenha
exclusivamente em vista a “estabilidade dos preços” e a defesa do interesse dos
banqueiros, como desde há cerca de trinta anos tem acontecido por toda a União
Europeia.
O Banco
Central não existe para servir os bancos nem o capital financeiro. O Banco
Central existe para defender e pôr em prática a política do governo no sector
financeiro e na economia em geral. Somente por esta via se poderá garantir, nos
quadros do sistema, a democraticidade da sua actuação. Erigindo-o em poder
independente, politicamente irresponsável, está aberta a porta por onde tudo
pode entrar sem que ninguém seja responsável pelo que entra. E foi assim que no
curto espaço de 20 anos já entrou uma grande crise financeira cujas
consequências se tem feito pesadamente sentir até hoje no “bolso” dos cidadãos.
20/06/09
A RTP3
Ontem à noite ou talvez já hoje de madrugada liguei a televisão. Estava na RTP 3. Joaquim Fidalgo comentava os títulos da imprensa de hoje. Falava do arquivamento do processo “Olof Palme” que, segundo o Ministério Público da Suécia, terá sido assassinado por um desenhador gráfico que se suicidou há 20 anos. Falava sobre a hipótese de ter havido ou não conspiração, sobre a hipótese de poder estar implicado algum dos inimigos políticos de Palme, ao rol dos quais logo foram acrescentados, com toda a convicção, pela fulana que tem a seu cargo o noticiário da noite, “a União Soviética e os países de Leste”. Um pouco admirado com aquela imputação, Joaquim Fidalgo limitou-se a dizer: “Muito provavelmente a extrema-direita sueca”.
Chamo a
atenção deste episódio a título de exemplo e não tanto pelas eventuais
consequências do comentário da senhora locutora. Esta fulana, cujo nome
desconheço, mas que de há muito identifico como uma das fascistoides que
pululam na RTP, é a mesma que há dois meses ou três meses ainda o Governo não
tinha acabado de enumerar as medidas que havia tomado para tentar evitar a
propagação da pandemia, já estava a desmerecer de tudo o que acabava de ser
enunciado e a predizer as piores consequências para os portugueses, com a saúde
dos quais ele se estará positivamente nas tintas, apenas se servindo deles como
arma política contra todos que não partilham a sua cartilha política.
É de
facto inadmissível que na RTP haja entre os seus funcionários quem se julgue
dono do programa ou dos programas que tem a seu cargo com completo alheamento
do verdadeiro conteúdo da função que desempenha e dos interesses que importa
servir e defender. E mais estranho é ainda que o Governo se mantenha
completamente à margem do que lá se passa para já não falar na ERC cuja credibilidade
é ZERO! Escudando-se na falsa liberdade de imprensa, como algo de que se podem
apropriar para propagandear a sua agenda política, esta gente da RTP sabe
explorar como ninguém o preconceito que infesta e tolhe a consciência dos que
se sentem incapazes de intervir numa área onde qualquer intervenção será sempre
qualificada de censura por quem viola os seus deveres de funcionário e
desrespeita o seu código deontológico por mais legítima e justificada que essa
intervenção seja.
20/06/11
SOBRE AS ESTÁTUAS
Apenas isto: lembro-me perfeitamente do entusiasmo com que as televisões e a imprensa ocidental, os jornalistas e comentadores acompanharam a destruição ou desmantelamento das estátuas na extinta URSS e nos países do leste europeu.
Apreciaram
muito…
20/06/13
ALMIRANTE TENREIRO
Lembram-se de Tenreiro? Os mais velhos, certamente. O Almirante Tenreiro era um amigo de Salazar, apoiante da ditadura, que durante o "Estado Novo" era identificado com o "tachista" típico do regime, tantos e tão variados eram os lugares que ocupava, além da actividade empresarial que também desempenhava.
Nessa altura nós, nos verdes anos da nossa juventude, acreditávamos
que um exemplo daqueles só poderia existir na ditadura fascista de Salazar ou
de outra mais ou menos parecida, como a de Franco, por exemplo.
Hoje, 46 anos depois do derrube da ditadura, na
madurez da nossa idade, certamente que muitos dirão:
"Olhe que não. Isso também pode acontecer em democracia...E não há
comparação possível entre as prebendas de ontem e as de hoje."
A que propósito me teria lembrado disto?
20/06/13
O CONTINENTE AMERICANO
Nada no mundo se assemelha ao continente americano. É um continente diferente de todos os outros. Certamente, que por toda a parte houve migrações O homem de que hoje descendemos terá nascido em África e daí migrou para todo o planeta. Ou mesmo que tenha nascido em vários outros lugares não ficou nos lugares onde nasceu.
Só que
tudo isto se perde na voragem e na memória dos tempos, a ponto de, quando hoje
se pretende fazer a reconstituição dessas migrações, haver mais dúvidas do que
certezas.
No
continente americano, com a configuração que hoje tem, o que se passou
aconteceu "ontem", na Idade Moderna, desde há 500 anos para cá.
E o que
se passou, resume-se em três palavras: conquista, extermínio e escravatura. E
isto não tem paralelo com o que passou a partir daquela mesma data em qualquer
dos outros dois grandes continentes: a Ásia e a África.
Portanto,
os que hoje lá vivem - e eles são, em larga medida, os descendentes dos
"fizeram" aquele continente - vão ter muito que penar se quiserem
reconstituir a "pureza original" e nunca o irão conseguir por mais
voltas que dêem ou por mais estátuas que derrubem. Mais lhes vale aceitar a História
e construir um futuro que vá, gradual ou aceleradamente, esbatendo, até a
erradicar, a pesadíssima herança dessa História, concedendo ao que resta dos
povos originários e às centenas de milhões de descendentes de escravos uma
verdadeira cidadania que elimine de vez as raízes da sociedade dual em que a
maior parte do continente, para não dizer a totalidade, continua hoje a viver.
Esses
descendentes dos conquistadores, exterminadores e esclavagistas, que se sentem
envergonhados com a História do continente em que vivem, que juntem as suas
forças aos milhões de enjeitados da fortuna, e construam uma sociedade nova que
elimine de vez as raízes e as consequências da sociedade esclavagista em que
nasceram e em que foram criados e educados para a perpetuar. Esse trabalho
continua por fazer, tal o peso e a força das oligarquias dominantes, não
obstante os esforços regularmente repetidos dos oprimidos, que de tempos a
tempos parecem emergir com a força suficiente para iniciar essa mudança, mas
que, ou por erros próprios ou por perfídia alheia, regularmente soçobram, e
tudo volta à estaca zero sem se consolidar a parte mais importante do que
parecia conquistado.
Aprender
com a História significa tornar irreversíveis as conquistas dessa luta e isso,
já se percebeu, não vai ser possível enquanto não for desmantelado o poder das
oligarquias dominantes.
Façam
isso e deixem as estátuas para mais tarde, para quando saírem vitoriosos dessa
luta, essa sim, verdadeiramente refundadora do continente americano.
20/06/13
OS TELEJORNAIS
Hoje, fui vendo os três jornais da noite, saltitando de um para outro.
A
primeira conclusão que se retira, mais ou menos consensual, creio, é a de que
toda a informação televisiva tem a marca de direita. Não será, nem nada que se
pareça, um direita extrema, mas é a de uma direita mansa que contextualiza
factos e os envolve em explicações que tendem a passar por naturais, óbvias,
como se não houvesse outras. É uma espécie de um estilo salazarista
modernizado. É essa base.
E a
segunda conclusão é a de que a Esquerda não tem uma única voz sua nos
telejornais. Pode episódicamente aparecer alguém de esquerda relacionado com a
noticia, como não poderia deixar de ser, a emitir uma opinião ou a defender uma
posição, mas voz, voz mesmo com direito a assento, não há. Quanto muito alguém
de centro ou do chamado centro esquerda, mas de esquerda, não.
O que
não deixa de ser espantoso tendo em conta o número de pessoas que se situa
nesse quadrante.
A CORRUPÇÃO EM PORTUGAL
Quando em Portugal há suspeitas de corrupção de pessoas ou entidades importantes, alicerçadas nas investigações das autoridades policiais e judiciais, o assunto é amplamente discutido na imprensa e nas televisões, a ponto de em algumas destas se constituírem autênticos "tribunais mediáticos", quase sempre sem a presença dos suspeitos ou de quem os defenda, que rapidamente fulminam os visados com sentenças demolidoras sem direito a recurso.
Curiosamente,
está neste momento em curso um processo da maior importância, não apenas pelas
entidades envolvidas como pelas consequências que o mesmo pode ter tido (e
continuar a ter) para o erário público português, a confirmarem-se os indícios
do MP, sobre o qual quase nada se sabe.
Não
estamos evidentemente a advogar que em relação a este processo se constituam os
conhecidos "tribunais pseudo populares" nas televisões nem que a
imprensa vá desde já ditando as suas sentenças inapeláveis sobre o que está
sendo investigado. O que gostaríamos era de ser mais bem informados sobre o que
se está a passar. Em vão percorremos os jornais, revistas e as estações de
televisão, nenhum deles nos presta essa informação elementar.
Por que
será que tal acontece? Por que será que não faltaram centenas de artigos e
debates sobre a "operação Marquês" nem sobre os múltiplos processos
que o Benfica tem pendentes e não haja mais que secas notícias sobre a
investigação que recai sobre dois altos cargos da EDP, indiciados pelo crime
corrupção activa para obtenção de rendas excessivas? Por que será? Por que será
que um assunto tão importante para o contribuinte português, que paga
anualmente milhões de euros à EDP, não merece o interesse nem o empenhamento
dos nossos impolutos jornalistas? Por que será?
20/06/15
RACISMO
Enquanto o grande Luís de Camões no século XVI se apaixona pela jovem chinesa, que imortaliza como a sua Dinamene num soneto que todos nós aprendemos a recitar de cor, outro grande poeta português do século XX apouca a sua grandeza defendendo aos 20 anos, aos 32 e aos 40 o racismo, a escravatura e a inferioridade das mulheres.
20/06/16