sexta-feira, 2 de outubro de 2020

TEXTOS PUBLICADOS NO FACEBOOK EM JUNHO

PARA MEMÓRIA FUTURA 



RTP

A RTP escolhe a dedo os seus correspondentes no estrangeiro. Este que está na América é incapaz de contar o que se passa. Acantonou - se numa avenida de Minneapolis e está manifestamente ansioso por começar a atacar os manifestantes

Bolas, é demais!

20/06/02

CENTENO

Querem saber quem é o Centeno como Ministro das Finanças? Leiam o programa económico com que o PS se apresentou às eleições em 2015 e logo perceberão o que vale o Centeno politicamente.

Os grandes ministros das finanças da primeira legislatura de António Costa chamam-se Jerónimo de Sousa e Catarina Martins, apesar de sistematicamente travados por Centeno nas cativações.

Por último, Centeno mostrou a faceta mais lamentável da sua personalidade política durante a pandemia - uma covardia política como raramente se vê.

20/06/09

A INDEPENDÊNCIA DO BANCO DE PORTUGAL

Já aqui (no fb), e no Politeia, dissertamos longamente sobre a “independência” das entidades reguladoras. Não vamos, por isso, voltar a desenvolver o tema. Vamos apenas recordar que a “independência” das autoridades reguladoras é uma invenção do neoliberalismo destinada a afastar o Estado da defesa do interesse geral, colocando-o ficticiamente numa posição de igualdade relativamente aos privados que dominam as empresas cujas actividades as entidades reguladoras supostamente regulam. Ficticiamente, já que na realidade o que acontece é a quase completa subalternização do Estado relativamente aos interesses do capital.

Por isso, nos não parece pedagogicamente aconselhável discutir a nomeação do próximo governador do Banco de Portugal em função da sua maior ou menor proximidade com o partido X ou Y. De facto, a questão não está em saber se Carlos Costa não servia porque estava muito ligado ao governo de Passos Coelho ou se Centeno também não pode ocupar essas funções por antes ter desempenhado as de Ministro das Finanças. A questão está na falsa independência do Banco de Portugal e na desresponsabilização do governo por tudo o que nele se passa com pesadas consequências para os cidadãos em geral.

Como o tema é demasiado importante na governação de qualquer país, ele deve ser inequivocamente apresentado pelos partidos políticos que rejeitam o neoliberalismo bem como a sua institucionalização pela via dos múltiplos expedientes de que este se serve para afastar o Estado do papel que lhe compete – a defesa do interesse geral tal como o governo o interpreta em programas eleitoralmente sufragados pela via eleitoral. Embora não seja possível alterar os estatutos do Banco de Portugal nem os do BCE por via de declarações políticas, é possível contudo defender politicamente uma actuação dos bancos centrais que aponte no sentido de promover o desenvolvimento e o emprego, como interesses de primordial importância para o Estado enquanto representante do interesse geral, em vez de se aceitar passivamente uma actuação que tenha exclusivamente em vista a “estabilidade dos preços” e a defesa do interesse dos banqueiros, como desde há cerca de trinta anos tem acontecido por toda a União Europeia.

O Banco Central não existe para servir os bancos nem o capital financeiro. O Banco Central existe para defender e pôr em prática a política do governo no sector financeiro e na economia em geral. Somente por esta via se poderá garantir, nos quadros do sistema, a democraticidade da sua actuação. Erigindo-o em poder independente, politicamente irresponsável, está aberta a porta por onde tudo pode entrar sem que ninguém seja responsável pelo que entra. E foi assim que no curto espaço de 20 anos já entrou uma grande crise financeira cujas consequências se tem feito pesadamente sentir até hoje no “bolso” dos cidadãos.

20/06/09

A RTP3

Ontem à noite ou talvez já hoje de madrugada liguei a televisão. Estava na RTP 3. Joaquim Fidalgo comentava os títulos da imprensa de hoje. Falava do arquivamento do processo “Olof Palme” que, segundo o Ministério Público da Suécia, terá sido assassinado por um desenhador gráfico que se suicidou há 20 anos. Falava sobre a hipótese de ter havido ou não conspiração, sobre a hipótese de poder estar implicado algum dos inimigos políticos de Palme, ao rol dos quais logo foram acrescentados, com toda a convicção, pela fulana que tem a seu cargo o noticiário da noite, “a União Soviética e os países de Leste”. Um pouco admirado com aquela imputação, Joaquim Fidalgo limitou-se a dizer: “Muito provavelmente a extrema-direita sueca”.

Chamo a atenção deste episódio a título de exemplo e não tanto pelas eventuais consequências do comentário da senhora locutora. Esta fulana, cujo nome desconheço, mas que de há muito identifico como uma das fascistoides que pululam na RTP, é a mesma que há dois meses ou três meses ainda o Governo não tinha acabado de enumerar as medidas que havia tomado para tentar evitar a propagação da pandemia, já estava a desmerecer de tudo o que acabava de ser enunciado e a predizer as piores consequências para os portugueses, com a saúde dos quais ele se estará positivamente nas tintas, apenas se servindo deles como arma política contra todos que não partilham a sua cartilha política.

É de facto inadmissível que na RTP haja entre os seus funcionários quem se julgue dono do programa ou dos programas que tem a seu cargo com completo alheamento do verdadeiro conteúdo da função que desempenha e dos interesses que importa servir e defender. E mais estranho é ainda que o Governo se mantenha completamente à margem do que lá se passa para já não falar na ERC cuja credibilidade é ZERO! Escudando-se na falsa liberdade de imprensa, como algo de que se podem apropriar para propagandear a sua agenda política, esta gente da RTP sabe explorar como ninguém o preconceito que infesta e tolhe a consciência dos que se sentem incapazes de intervir numa área onde qualquer intervenção será sempre qualificada de censura por quem viola os seus deveres de funcionário e desrespeita o seu código deontológico por mais legítima e justificada que essa intervenção seja.

20/06/11

SOBRE AS ESTÁTUAS

Apenas isto: lembro-me perfeitamente do entusiasmo com que as televisões e a imprensa ocidental, os jornalistas e comentadores acompanharam a destruição ou desmantelamento das estátuas na extinta URSS e nos países do leste europeu.

Apreciaram muito…

20/06/13

ALMIRANTE TENREIRO

Lembram-se de Tenreiro? Os mais velhos, certamente. O Almirante Tenreiro era um amigo de Salazar, apoiante da ditadura, que durante o "Estado Novo" era identificado com o "tachista" típico do regime, tantos e tão variados eram os lugares que ocupava, além da actividade empresarial que também desempenhava.

Nessa altura nós, nos verdes anos da nossa juventude, acreditávamos que um exemplo daqueles só poderia existir na ditadura fascista de Salazar ou de outra mais ou menos parecida, como a de Franco, por exemplo.

Hoje, 46 anos depois do derrube da ditadura, na madurez da nossa idade, certamente que muitos dirão:

"Olhe que não. Isso também pode acontecer em democracia...E não há comparação possível entre as prebendas de ontem e as de hoje."

A que propósito me teria lembrado disto?

20/06/13

O CONTINENTE AMERICANO

Nada no mundo se assemelha ao continente americano. É um continente diferente de todos os outros. Certamente, que por toda a parte houve migrações O homem de que hoje descendemos terá nascido em África e daí migrou para todo o planeta. Ou mesmo que tenha nascido em vários outros lugares não ficou nos lugares onde nasceu.

Só que tudo isto se perde na voragem e na memória dos tempos, a ponto de, quando hoje se pretende fazer a reconstituição dessas migrações, haver mais dúvidas do que certezas.

No continente americano, com a configuração que hoje tem, o que se passou aconteceu "ontem", na Idade Moderna, desde há 500 anos para cá.

E o que se passou, resume-se em três palavras: conquista, extermínio e escravatura. E isto não tem paralelo com o que passou a partir daquela mesma data em qualquer dos outros dois grandes continentes: a Ásia e a África.

Portanto, os que hoje lá vivem - e eles são, em larga medida, os descendentes dos "fizeram" aquele continente - vão ter muito que penar se quiserem reconstituir a "pureza original" e nunca o irão conseguir por mais voltas que dêem ou por mais estátuas que derrubem. Mais lhes vale aceitar a História e construir um futuro que vá, gradual ou aceleradamente, esbatendo, até a erradicar, a pesadíssima herança dessa História, concedendo ao que resta dos povos originários e às centenas de milhões de descendentes de escravos uma verdadeira cidadania que elimine de vez as raízes da sociedade dual em que a maior parte do continente, para não dizer a totalidade, continua hoje a viver.

Esses descendentes dos conquistadores, exterminadores e esclavagistas, que se sentem envergonhados com a História do continente em que vivem, que juntem as suas forças aos milhões de enjeitados da fortuna, e construam uma sociedade nova que elimine de vez as raízes e as consequências da sociedade esclavagista em que nasceram e em que foram criados e educados para a perpetuar. Esse trabalho continua por fazer, tal o peso e a força das oligarquias dominantes, não obstante os esforços regularmente repetidos dos oprimidos, que de tempos a tempos parecem emergir com a força suficiente para iniciar essa mudança, mas que, ou por erros próprios ou por perfídia alheia, regularmente soçobram, e tudo volta à estaca zero sem se consolidar a parte mais importante do que parecia conquistado.

Aprender com a História significa tornar irreversíveis as conquistas dessa luta e isso, já se percebeu, não vai ser possível enquanto não for desmantelado o poder das oligarquias dominantes.

Façam isso e deixem as estátuas para mais tarde, para quando saírem vitoriosos dessa luta, essa sim, verdadeiramente refundadora do continente americano.

20/06/13

OS TELEJORNAIS

Hoje, fui vendo os três jornais da noite, saltitando de um para outro.

A primeira conclusão que se retira, mais ou menos consensual, creio, é a de que toda a informação televisiva tem a marca de direita. Não será, nem nada que se pareça, um direita extrema, mas é a de uma direita mansa que contextualiza factos e os envolve em explicações que tendem a passar por naturais, óbvias, como se não houvesse outras. É uma espécie de um estilo salazarista modernizado. É essa base.

E a segunda conclusão é a de que a Esquerda não tem uma única voz sua nos telejornais. Pode episódicamente aparecer alguém de esquerda relacionado com a noticia, como não poderia deixar de ser, a emitir uma opinião ou a defender uma posição, mas voz, voz mesmo com direito a assento, não há. Quanto muito alguém de centro ou do chamado centro esquerda, mas de esquerda, não.

O que não deixa de ser espantoso tendo em conta o número de pessoas que se situa nesse quadrante.

A CORRUPÇÃO EM PORTUGAL

Quando em Portugal há suspeitas de corrupção de pessoas ou entidades importantes, alicerçadas nas investigações das autoridades policiais e judiciais, o assunto é amplamente discutido na imprensa e nas televisões, a ponto de em algumas destas se constituírem autênticos "tribunais mediáticos", quase sempre sem a presença dos suspeitos ou de quem os defenda, que rapidamente fulminam os visados com sentenças demolidoras sem direito a recurso.

Curiosamente, está neste momento em curso um processo da maior importância, não apenas pelas entidades envolvidas como pelas consequências que o mesmo pode ter tido (e continuar a ter) para o erário público português, a confirmarem-se os indícios do MP, sobre o qual quase nada se sabe.

Não estamos evidentemente a advogar que em relação a este processo se constituam os conhecidos "tribunais pseudo populares" nas televisões nem que a imprensa vá desde já ditando as suas sentenças inapeláveis sobre o que está sendo investigado. O que gostaríamos era de ser mais bem informados sobre o que se está a passar. Em vão percorremos os jornais, revistas e as estações de televisão, nenhum deles nos presta essa informação elementar.

Por que será que tal acontece? Por que será que não faltaram centenas de artigos e debates sobre a "operação Marquês" nem sobre os múltiplos processos que o Benfica tem pendentes e não haja mais que secas notícias sobre a investigação que recai sobre dois altos cargos da EDP, indiciados pelo crime corrupção activa para obtenção de rendas excessivas? Por que será? Por que será que um assunto tão importante para o contribuinte português, que paga anualmente milhões de euros à EDP, não merece o interesse nem o empenhamento dos nossos impolutos jornalistas? Por que será?

20/06/15

RACISMO

Enquanto o grande Luís de Camões no século XVI se apaixona pela jovem chinesa, que imortaliza como a sua Dinamene num soneto que todos nós aprendemos a recitar de cor, outro grande poeta português do século XX apouca a sua grandeza defendendo aos 20 anos, aos 32 e aos 40 o racismo, a escravatura e a inferioridade das mulheres.

20/06/16

2 comentários:

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