segunda-feira, 11 de maio de 2009

A VERDADEIRA FACE DO CDS


A PULSÃO XENÓFOBA

Quem tenha estado afastado da vida política portuguesa, desconheça de experiência feita as diferenças entre os principais partidos e se ativesse apenas ao que vai ouvindo na imprensa e na televisão haveria de pensar que em Portugal os partidos se situam todos à esquerda, tal a preocupação com que se referem aos desempregados e aos reformados com baixas reformas, às dificuldades das pequenas e micro-empresas, aos problemas criados pelas restrições bancárias à concessão de crédito ou aos juros elevados cobrados pelos bancos para o conceder, às eventuais falhas do serviço nacional de saúde e por aí adiante.
De todos os partidos, o CDS é sem dúvida o que mais cavalga alguns dos temas que constituem património histórico da esquerda. Quem o ouvir falar, e desconheça a sua história e a sua genética, haveria de pensar que o CDS sofreu uma grande transformação.
Percebe-se a estratégia do CSD: incapaz de recolher eleitoralmente votos correspondentes às suas ambições políticas apresentando-se tal como realmente é, vai tentando “pescar” noutras águas tudo o que vier à rede, contanto que não tenha de entrar em grandes discussões “filosóficas” sobre os fundamentos das suas posições.
Mas há matérias e temas relativamente aos quais o CDS não é capaz de se mostrar diferente daquilo que é.
Sempre que se trata de lidar com o outro diferente de nós, seja ele português de outra cor, seja emigrante loiro ou negro, principalmente negro, o CDS mostra a sua verdadeira face e aí está ele a pedir mais polícia, mais repressão, mais julgamentos sumários, mais proibições, em suma, mais discriminação. As causas, verdadeiras causas sociológicas das situações conflituais existentes não lhe interessam, nem lhe dizem respeito. No fundo, a verdadeira causa está no facto de os intervenientes nos incidentes estarem geograficamente no lado errado. O lugar deles é outro, noutras paragens!
O discurso securitário do CDS acaba por despertar nas pessoas em geral, principalmente nas pessoas comuns, os piores ressentimentos e trazer à superfície os mais baixos instintos. Este discurso não pode ser um discurso inocente, conhecendo-se, como se conhecem, as suas consequências nos quatro cantos do mundo, principalmente em tempos de crise. É um discurso conforme à formação política dos militantes do CDS. É um discurso conforme ao ADN do CDS. É um discurso primitivo que a história já condenou e que somente contribui para que a Europa, e dentro dela Portugal, se isole ainda mais dos outros continentes e potencie as dificuldades de relacionamento com o outro.

1 comentário:

Ana Paula Fitas disse...

Gostava de ter escrito este texto... Sinceramente! Obrigado!... felizmente, existem links! É o que farei!
Um abraço.
Ana Paula