sexta-feira, 14 de agosto de 2009

AINDA AS LISTAS DO PSD/FERREIRA LEITE

AS DESCULPAS QUE A REACÇÃO ARRANJA

A entrada nas listas de candidatos, qualquer que seja o lugar, de pessoas acusadas da prática de crimes, ou até já condenadas, sem trânsito em julgado da respectiva sentença, é legal e tem até alguma tradição em Portugal. Não é, portanto, a legalidade ou a habitualidade da conduta o que está em causa.
O que está em causa, acima de qualquer outra razão, é a justificação que o respectivo partido ou candidato, no caso de se tratar de candidaturas independentes, apresentam ao eleitorado para fundamentar aquela escolha ou aquela decisão.
Se o partido ou o candidato apresenta a justificação básica: “nada na lei o impede”, o eleitor mais instruído logo percebe o que com essa justificação se pretende dizer. E o que se pretende dizer é o seguinte: nós não temos nenhum tipo de objecção moral a que nas nossas listas figurem criminosos, desde que ainda não condenados por sentença transitada em julgado, tanto mais que a função de julgar não nos cabe a nós, mas ao tribunal! E o que esta escondida argumentação deixa ainda mais escondido é a completa tranquilidade com que estas máquinas partidárias convivem com o crime.
Mas o que Ferreira Leite disse para justificar a inclusão de, pelo menos, um candidato já acusado de crime de fraude fiscal, foi que o dito candidato “não estava acusado de nada no exercício de funções públicas”.
Esta justificação nem sequer é hipócrita, como as anteriores. É estúpida!
Pois mesmo sendo estúpida, ela mercê o aplauso de um cronista do Público, que, embora não seja conhecido pela coerência das suas posições, nem por aquele mínimo de pudor que qualquer cidadão normal deve ter, vê na decisão tomada pela líder do PSD a “recusa do papel de juiz” e um exemplo de firmeza de que o partido claramente necessita!

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