quinta-feira, 20 de agosto de 2009

O AFEGANISTÃO E AS ELEIÇÕES



CRÓNICA DE UMA DERROTA ANUNCIADA


Qualquer que seja o resultado das eleições de hoje no Afeganistão, já não há qualquer dúvida de que a intervenção americana e seus aliados representa uma completa derrota das teses neoconservadoras sobre o relacionamento americano com os chamados “Estados párias”. De facto, a invasão do Afeganistão para “construção” de Estado de tipo ocidental, democrático e institucionalmente forte revelou-se um completo fracasso.
Não só o presidente eleito e presumivelmente reeleito para um segundo mandato é acusado de favorecer a corrupção e de estabelecer alianças com o que há de mais retrógrado no país, como do ponto de vista político-social os progressos (do ponto de vista ocidental) são quase nulos. O comércio da droga floresceu, a ajuda ao desenvolvimento não chega aos verdadeiros destinatários e o próprio governo em funções nem sequer tem capacidade política para impedir que em certas regiões do país vigorem leis atentatórias da dignidade humana. Com tudo isto se viram obrigadas a contemporizar as potências ocidentais cujos objectivos são cada vez mais confusos e variáveis.
Na Europa, desde há algum tempo, mas principalmente depois do relatório elaborado pela Comissão dos Negócios Estrangeiros da Câmara dos Comuns (RU), reina o maior cepticismo acerca do resultado desta intervenção. Pouco a pouco vai-se instalando a ideia de que os talibãs já ganharam a guerra. Os franceses estão maioritariamente contra a presença militar da França e Sarkozy já há muito deixou de dizer que a segurança do país passava pelo Afeganistão. Na Alemanha, sempre mais reticente, os liberais já advogam abertamente a retirada das tropas e um pouco por todo o lado cresce a convicção de que a continuação da guerra é inútil e está perdida.
Perante o atoleiro em que Obama se meteu, em grande medida por culpa própria, apenas restam os indefectíveis: Severiano Teixeira e JM Fernandes. Até Amado parece mais longe…

2 comentários:

Nelson Ricardo disse...

JM Fernandes é uma figura inenarrável e só o seu declarado compromisso ideológico com o Capitalismo é que lhe permite continuar à frente de um jornal como o Público, pois como se viu no caso do golpe fascista nas Honduras, foi ao ponto de deturpar factos para justificar a sua posição, e a dos adeptos do Capital. A de que o golpe serviu para "repôr a legalidade democrática".

Relativamente às eleições no Afeganistão, é o mais recente e mais exemplar demonstração do que é uma verdadeira democraCIA, aquelas que os senhores como o JM Fernandes e a intelectualidade liberal gosta.

Deixo-lhe um link para um artigo do Miguel Urbano Rodrigues n'odiario.

Nelson Ricardo disse...

aqui está o link:

http://www.odiario.info/articulo.php?p=1271&more=1&c=1