quarta-feira, 11 de novembro de 2009

POBRE LACÃO



VAMOS DESVENDAR A FACE OCULTA

A esquerda perdeu uma oportunidade de ouro para exigir no Parlamento a divulgação das cassetes. Infelizmente, não seguiu o meu conselho e permitiu que fosse Manuela Ferreira Leite a exigir explicações ao Primeiro-ministro sobre o que se está a passar.
É claro que a iniciativa da dirigente do PSD é meritória e não perde o seu valor por ter vindo daquele lado. Mas deixa certamente a iniciativa a meio caminho, porque nós não queremos saber apenas o que se passou nas conversas entre Sócrates e os investigados no processo “Face oculta” e que motivaram a extracção de certidões por parte dos investigadores.
Nós queremos saber muito mais. Nós queremos saber o que se passou no BPN. Por que razão foi Dias Loureiro tão protegido durante tanto tempo por Cavaco Silva. Queremos saber quem estabeleceu o preço de venda das acções da Sociedade Lusa de Negócios de que Cavaco Silva e Família eram proprietários. Queremos saber se houve transacções na mesma data de acções daquela empresa pelo mesmo preço. Queremos saber por que preço, e segundo que critérios, comprou Arlindo Cunha bens dos ex-IPE e quem lhos vendeu quando Manuela Ferreira Leite era Ministra das Finanças. Queremos saber o que se passa com o negócio dos submarinos.
É tudo isto que nós queremos saber. Está o actual PSD em condições de exigir sobre estes assuntos as mesmas explicações que exigiu a Sócrates? É por duvidarmos da resposta que nós lamentamos que não tenha sido a esquerda a levantar no Parlamento as questões hoje postas por MFL.
A explicação de Lacão é triste e pobre. É evidente que nós não queremos saber nem conhecer nada que diga respeito à vida privada do Primeiro-Ministro. Nós queremos saber que razões levaram os investigadores a extrair certidões das conversas que Sócrates teve com os investigados. E isso vamos ter que saber.
A pior defesa que o Primeiro-ministro pode apresentar é a defesa “legal”. Ou seja, a que foi adiantada pelos seus péssimos advogados, Júdice e Marinho Pinto, ao afirmarem que o que está nas escutas não serve como meio de prova contra o Primeiro-ministro, porque o lugar que ele desempenha o protege contra indícios que o incriminem. É evidente que a defesa fundada numa lei inconstitucional e contrária ao Direito, se porventura fosse interpretada com o sentido que lhe é atribuído por aqueles advogados, deixaria o primeiro-ministro em muito maus lençóis. Essa pouca inteligente defesa quer no fundo dizer que o Primeiro-ministro português goza de uma imunidade que nem Berlusconi, de resto sem êxito, se atreveu a levar tão longe e de forma tão manhosa.
Sócrates só tem uma saída: mandar publicar as conversas. Se o não fizer só lhe resta, mais tarde ou mais cedo, uma outra, essa sem retorno!

2 comentários:

Anónimo disse...

Eu diria:
Pobre CALÃO...
CA

FJCoutinhoAlmeida disse...

Desculpe lá:
Paulo Portas é que diria
"Pobre e CALÃO".