segunda-feira, 10 de setembro de 2012

ATENÇÃO À MATILHA DE COMENTADORES


ELES VÃO TENTAR DAR A VOLTA
 
 

 
As palavras de Passos Coelho foram demasiado fortes para poderem ser emendadas. As medidas que ele anunciou representam um saque sem precedentes na História contemporânea de Portugal. Provavelmente, nem Rui Ramos no seu labor de branqueamento da acção da direita em Portugal conseguirá encontrar no passado recente algo que atenue o que Passos Coelho se propõe levar à prática.
 
À primeira vista a rejeição das medidas anunciadas pelo Primeiro Ministro foi quase total. Uns por umas razões, outros por outras, todos, ou quase, se pronunciaram contra. Desde conhecidos nomes da política, passando pelo povo anónimo, até aos comentadores encartados todos criticaram o novo programa de austeridade do governo. Mas não nos iludamos. A conversa vai mudar dentro de muito puco tempo. E até se vai dar o caso de algumas das actuais palavras servirem para conferir mais credibilidade às que a seguir irão ser pronunciadas.
 
O que se vai passar é mais ou menos óbvio. Passos Coelho e Gaspar, não obstante o fundamentalismo radical das suas opções ideológicas, vão ser obrigados a fazer o que não gostam. Perante a rejeição generalizada do que acabaram de anunciar, Passos Coelho e Gaspar vão ser obrigados a anunciar algumas falsas medidas aparentemente dirigidas contra o capital, aproveitando a ocasião para penalizarem ainda mais os mesmos de sempre com novos aumentos do IVA e do IRS, mediante alteração dos respectivos escalões.
 
E então assistir-se-á a um coro de comentários vocalizado por toda essa imensa matilha de comentadores que actua nas diversas televisões em representação do capital, louvando e elogiando a coragem e a clarividência do governo, que soube corrigir o erro em que ia incorrendo, que foi capaz de recuar, acrescentando ao anúncio anterior um conjunto de medidas destinadas a garantir a equidade entre os portugueses e a assegurar uma distribuição justa e universal dos sacrifícios.
 
Que ninguém se deixe enganar pelos latidos em uníssono dessa matilha que frequenta as nossas televisões, mesmo que entre ela se encontrem alguns dos que agora criticaram mais asperamente Passos Coelho.
 
Este estratagema saloio, infelizmente, produz resultados, porque ninguém se lembra de atender o óbvio: quantificar o peso efectivo das respectivas medidas e o modo como serão distribuídas por uns e por outros. Doravante o que vai ser realçado é que todos estão a colaborar…
 
E, como sempre, muita gente vai acreditar, sem sequer lhe ocorrer que tudo isto por que estamos a passar se destina exactamente a pagar a falência dos bancos, as rendas da EDP, a roubalheira das PPP, os altíssimos rendimentos dos executivos das empresas monopolistas, os impostos que não são cobrados a quem ganha centenas de milhões e tantas outras coisas do mesmo género. Então, se o dinheiro é para eles, como exigir que participem nos sacrifícios?
 
Infelizmente, o PS, os que mandam no partido e os que nele têm influência, também não está interessado em ver as coisas por este lado. Continua a tratar deste assunto como se de uma questão técnica se tratasse. A gente percebe, o PS, a nomenklatura do PS, é a outra face da mesma moeda.

2 comentários:

Rogério G.V. Pereira disse...

É isso! É mesmo isso!
Falta apenas dizer que um determinado discurso permanecerá omisso... Na versão mais actualizada de Goebbels bem poderíamos dizer que uma frase mil vezes omitida é frase que nunca foi dita...

JotaB disse...

“Se em 2013 me obrigarem a trabalhar mais de 7 meses só para o Estado, palavra de honra que me piro”. António Nogueira Leite reagiu assim, no Facebook, às novas medidas de austeridade


Os ratos são os primeiros a abandonar o barco...
Mas este não é um rato qualquer. É uma ratazana ofegante, em permanente procura do melhor e mais farto pitéu.
Algo deverá estar muito mal no “reino dos ratos”, ou então não passa de mais um imbecil, igual a tantos outros que se passeiam pelos corredores do poder, mas com acesso directo à manjedoura.

Veio-me à memória uma frase dos meus tempos de meninice: - “Não és homem nem és nada, se...”
Pois não “seremos homens nem seremos nada, se”... não conseguirmos correr com toda esta corja que se apoderou dos centros de decisão.

O Rato
http://www.youtube.com/watch?v=T_V-90GK5bI


PS: - Afinal o rato fica.
Rato não deixa nunca de ser rato, ainda que, por vezes, pareça querer seguir outros rumos.