TRATAR DO ASSUNTO ENQUANTO
É TEMPO
Do lado da Esquerda, em sentido muito amplo, anda aí muita
confusão em matéria de candidaturas presidenciais. Pelo caminho que as coisas
vão, tudo se encaminha para a derrota. Dos nomes não ligados a partidos até
agora apresentados, nenhum tem condições para bater os nomes da direita. Não
vale a pena ter ilusões sobre isto. Insistir nesse caminho é preparar a
terceira derrota.
Quanto aos candidatos oriundos do PS, duas conclusões se
podem, desde já, tirar: Guterres não se vai candidatar, nem parece ser homem
para merecer essa confiança dos eleitores pelo pouco apego que ele já demonstrou
relativamente aos assuntos pátrios. Até poderia ganhar, mas teria, fora do PS,
mais votos à direita que à esquerda. E quanto a Vitorino, nem falemos.
Dificilmente teria votos à esquerda, embora pudesse compensar essa perda com
votos da sua área política – a direita.
Todavia, há um nome no PS que, embora não seja um homem da “ala
esquerda” do partido, poderia ganhar as eleições, pela firmeza das suas convicções,
pela sua excelente oratória, pela crítica contundente com que tem flagelado a direita,
nomeadamente o Governo e Cavaco, e também pela sua experiência governativa.
O PS não faria mal em apostar nele tanto mais que ele parece
ter condições para captar o voto de esquerda. E deveria avançar enquanto é
tempo…e, pelo menos formalmente, à margem de Costa.
18 comentários:
Deixa-me adivinhar: Cravinho?
Quem, Correia Pinto?
Francisco Seixas da Costa
Será um ex-presidente do Governo regional dos Açores?
Somente um dos meus queridos leitores acertou. Agora já está mais fácil lá chegar.
Ave, César.
Carlos César excelente candidato teria o meu voto!
Ora, e eu que estava a pensar no poeta da voz de trovão, que de alegre se fez triste! Enfim, há chão que já deu uvas, agora ressequidas !
Não vale a pena ter ilusões em matéria de presidenciais. O candidato, para ganhar, tem de ser do PS e aceite pela esquerda. SE não for do PS não ganha. E se o PS escolher desconsiderando a esquerda também não ganha. Por isso o importante é aparecer alguém do PS, desligado dos negócios, que mereça, para este efeito, a confiança da esquerda. Creio que o Carlos César poderia ser essa pessoa. Mas tem de avançar já.
A experiência ensina-nos que o PCP já demonstrou, nesta matéria, grande sentido das responsabilidades. Nunca um candidato da área da esquerda, em sentido amplo, deixou de ser eleito por falta do voto do PCP. Há, porém, duas coisas que têm de ser evitadas: não brincar com o PCP, nomeadamente tentar chantageá-lo, ou não apresentar um candidato credível, isto é, aceitável pela esquerda e que tenha condições para ganhar.
Quem não demonstrou sentido das responsabilidades nas duas últimas eleições presidenciais foi o PS. Quando se percebia, toda a gente percebia, que Cavaco se preparava para se candidatar o PS não teve a preocupação de apresentar um candidato à altura de o bater. Isto da primeira vez. E da segunda, quando Cavaco já estava de rastos (Estatuto regional dos Açores e intentona das escutas), o PS continuou a desconsiderar as presidenciais. Agora estamos todos a pagar esse enorme erro. Não ter a direita em Belém é muito importante. É importantíssimo.
Não me parece que Sampaio da Nóvoa ou Carvalho da Silva não consigam ganhar e ser apoiados pelo PS.
A experiência demonstra que, com excepção de Ramalho Eanes (outros tempo), só ganham os candidatos oriundos do PS, desde que respeitadas as condições atrás referidas.
Sempre pensei que ao elegerem Carlos César para Presidente do PS, estaria ali o candidato natural a PR. Por isso estranho o seu nome nunca ter sido falado para tal pela actual direção, e em vez disso, se Guteres não estiver para aí virado, falam em Vitorino, Maria de Belém...!!!
Cada dia que passa tenho menos esperança de me ver livre desta cambada que nos governa!
Sim, é estranho. Mas isso é o PS...Há ali interesses que somente alguns conhecem e que são determinantes.
Sem Guterres, o candidato é há muito tempo o Carlos César. Qual Belém, qual Vitorino, qual Nóvoa, qual quê?!
Já o apoio do comité central, dado aí como líquido...
Sou, por natureza e ideologia, o mais anti-pragmático em politica quanto se possa imaginar. Porém, neste assunto, de há muito, dou comigo a imaginar que a situação agora proposta venha a ter vencimento no interior do PS. Mas o que será preciso para que tal aconteça? Que "em lume brando" se queimem alguns dos putativos candidatos. É que estamos diante de uma escolha política! Pessoalmente tenho muita pena que Sampaio da Novoa não reúna, ainda, as condições objectivas para ser um candidato ganhador, mas todos sabemos que no PS a ala direita tem um peso manobrador que a ala esquerda, se a houver, nunca foi capaz de demonstrar. Quanto ao voto do PC, quem tem dúvidas sobre a haver uma infinita capacidade - multiplicada por milhões- para engolir até elefantes quando assim se mostra necessário?
José Luís Moreira dos Santos
Pardilhó
Vitor Esteves acertou, creio eu. O problema é que FSC já confessou, no seu Blogue e noutras ocasiões, ao que parece, ser "irrevogável" esta sua atitude de não querer voltar à vida activa (até parodiando com quem em tempos disse que uma sua decisão era irrevogável, para no dia seguinte deixar de ser). Posso compreender FSC, até porque uma tal decisão, saindo vencedora - e eu creio que sairia, sem problema, FSC venceria facilmente Marcelo ou outro cabddato da Direita - iria implicar uma enorme actividade que teriam, talvez, repercussões na sua vida pessoal, o que sucedera no passado. E esse aspecto pode pesar na sua atitude de se manter quieto. Mas, sinceramente, com a Direta já a esfregar as mãos e a preparar o tapete vermelho, FSC seria a solução. Creio também que Sampaio Nóvoa, uma figura de democrata igualmente ímpar, se bem apoiado pelo PS poderia ganhar essas eleições. Até porque uma parte da Esquerda votaria nele (como o BE, creio bem, o Livre, etc). A questão é que, suponho, SN não colheria votos das franjas democráticas da Dreita, o que FSC quase certo conseguiria. Seja como for, ambos, em minha opiniao, FSC ou Sampaio Nóvoa, seriam dois bons candidatos. No caso de Nóvoa teria de haver um empenho mais redobrado do PS (e até de alguma outra esquerda). No caso de FSC era convence-lo a rever a tal "irrevogabilidade", o que não será tarefa fácil.
P.
O problema não está em arranjar um candidato capaz de cativar a direita para ser eleito. Desses não faltam. O problema está em recolher o voto da esquerda. E atenção o PS tem nas suas fileiras gente (gente de nome) tão à direita como Marcelo. A conversa para enganar, pode ser diferente. Mas a acção é exactamente igual, às vezes até pior. Por isso não se iludam: não escolham ninguém da direita…Serão mais dez anos de qualquer coisa parecida com Cavaco..
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