terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

A ESPANHA CONTINUA DEBAIXO DE FOGO



TALVEZ ATÉ MAIS DO QUE A GRÉCIA OU PORTUGAL

A Espanha continua debaixo de fogo. Os especuladores do mundo inteiro já perceberam que a Espanha constitui um excelente filão para os seus apetites insaciáveis. Não é demasiado grande, nem demasiado pequena. Tem a dimensão ideal para não poder cair…
Quando o devedor é demasiado grande, o credor corre tantos riscos como o devedor. Se apertar muito, pode perder muito. Se o devedor for demasiado pequeno, o credor só tem vantagem enquanto o devedor resiste. Logo que a resistência cessa por impossibilidade da sua continuação, o credor corre o risco, se apertar muito, de ficar a perder, porque a probabilidade de os grandes deixarem o pequeno entregue a si próprio é muito grande. Se o devedor tem uma dimensão intermédia, como é o caso da Espanha, os credores estão na situação ideal. Podem apertar, porque o país não é demasiado pequeno para ficar entregue a si próprio, e também não é demasiado grande para que a sua ruína acarrete a ruína dos credores. O mais provável é que alguém venha em seu auxílio.
É infelizmente verdade que a gestão política de Zapatero não tem sido a melhor a partir do momento em que a crise se agudizou. Porventura por culpa da ministra que coordena as pastas económicas, Helena Salgado, porventura por culpa de quem dirige o governo, a verdade é que da cúpula política têm saído sinais contraditórios que os agentes do grande capital financeiro internacional logo amplificam e interpretam como indício seguro de desnorte da direcção política do governo.
É também verdade que grande parte da famosa “prosperidade” espanhola nestes últimos quinze anos assentava numa “borbulha imobiliária” que mobilizou capitais de todo lado, principalmente, da Alemanha e do Reino Unido, atraídos pela excelente remuneração que a especulação imobiliária lhes permitia alcançar. O que acabou por ter um efeito nefasto sobre toda a economia espanhola, nomeadamente do ponto de vista da sua competitividade. Fazer o ajustamento disto vai ser doloroso para o orgulho espanhol.
Simultaneamente, a crise espanhola também serve para demonstrar que tendo, por todo o lado, o capital financeiro ficado incólume, depois da crise que provocou no mundo inteiro, ele ai está novamente a impor impiedosamente as suas leis. Há uma óbvia incapacidade do sistema para se reformar e auto-regenerar. O capital financeiro está tão intimamente ligado a todos os sectores da vida económica e influencia tão decisivamente o poder político, que este, mesmo que tivesse vontade política para o domar e limitar, o mais que lhe poderia fazer era apenas umas “pequenas cócegas”. Dito de outro modo: quem manda no mundo globalizado é a grande finança e o capital especulativo. Não haja ilusões: dentro do sistema isto não se resolve!

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