terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

SOBRE AS PRESIDENCIAIS




UM POST LEVE

Estava fora quando Nobre se apresentou em Belém como candidato presidencial. Nada a opor, nem nada de muito interessante a comentar, qualquer que seja o ponto de vista. Só não compreendi essa de ele poder “dividir a esquerda”. Para dividir é preciso que haja um divisor do qual resultará um quociente que, em princípio, será menor que o dividendo, a menos que o divisor seja zero. Não creio que a candidatura de Nobre, no que respeita à esquerda, ande muito longe desta última hipótese.
Nobre de esquerda? Por ter sido clandestinamente apoiado por Soares? Soares está um pouco como o Saldanha, que com oitenta anos ainda chefiava golpes. Só que Saldanha tinha tropas…e prestígio militar. Soares apenas tem uma tribo de anciãos que pouco se tem reproduzido, pelas próprias limitações da natureza.
Portanto, não será por aí que Nobre divide a esquerda. Só se for por já ter apoiado o PSD, o PS, a Causa Monárquica (ao que dizem) e, ao que parece, até o Bloco. Pois é. É que isto da sociedade civil, já não digo no sentido hegeliano do conceito (bem complexo), nem mesmo gramsciano (difícil de aceitar pelos leninistas), mas no sentido que Marx lhe deu, e que de certa forma se mantém, apesar das posteriores deturpações de alguns elementos fundamentais para a sua correcta compreensão, pressupõe sempre uma burguesia digna desse nome.
E sabe-se o que o Estado verdadeiramente começa por ser (e terá deixado de ser?) numa sociedade dominada pela burguesia. Mas obviamente que tudo se inverte quando é o Estado que domina a dita sociedade civil e a traz pendurada pelos subsídios que lhe concede para que ela faça as tarefas que ele, Estado, se demite de fazer. Quando assim as coisas se passam, vai-se sendo de esquerda, de direita, de centro, enfim, do que calhar… A vida é difícil!

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