sábado, 21 de janeiro de 2012

A INFELICIDADE DE CAVACO



AS CAUSAS DA SUA ENORME ANGÚSTIA
Cavaco Silva: "A reforma não chega para pagar as minhas despesas"



Cavaco gosta de se meter na “boca do lobo”. Não que o lobo tenha grande coisa para comer, principalmente quando se comparam os relativamente magros proventos de Cavaco com o repasto que alguns dos seus amigos lhe poderiam proporcionar, não fora dar-se o caso de eles próprios se terem tornado numa voraz espécie de predadores que até os próprios lobos devoram.

Porém, como em tempos de crise os lobos estão com fome, qualquer alimento lhes serve. E Cavaco pôs-se mesmo a jeito. Não ganho para as despesas, diz Cavaco. Estranho. Mas mais estranho ainda fica a coisa quando logo a seguir se percebe que Cavaco não se está a referir ao vencimento de Presidente da República. Esse não o recebe, o que significa, salvo qualquer obra de caridade a favor do Estado Estado, que o que recebe a outro título, ou outros, é superior ao vencimento de Presidente da República. Se assim não fosse, teria optado por este.

Cavaco queixa-se, portanto, daquilo que Sampaio, Soares e Eanes, principalmente Eanes, nunca antes se queixaram.

A angústia de Cavaco parece assim resultar da perda de uma pensão que antes receberia – a devida pelo exercício de funções ministeriais durante dez anos – e por não poder acumular o vencimento de Presidente da República com as pensões a que “têm direito”.

Para já duas – a de professor universitário e a de investigador da Gulbenkian – mais uma outra que vem a caminho – a do fundo de pensões do Banco de Portugal pelo exercício das funções de consultor.

Sem pôr em causa a veracidade dos descontos referidos na sua lamúria de pensionista defraudado pela frustração da expectativa de acumulação de pensões e de pensões com vencimentos, o que é espantoso no meio desta história toda é perceber como é que um homem que se dedica à política a tempo inteiro desde o primeiro governo da “Aliança Democrática” - 1980 - até hoje, conseguiu, nos escassos intervalos em que dela esteve ausente e, obviamente, antes de nela se iniciar, desempenhar a tempo inteiro as funções de professor e ainda arranjar tempo para investigar na Gulbenkian e para presidir ao Gabinete de Estudos do Banco de Portugal, a cujo corpo técnico pertencia como consultor.  Sem falar do tempo em que simultaneamente “pertencia” ao ISEG e à Católica…

Moral da história: se Cavaco está angustiado por ver contemporâneos seus e até pósteros acumular lautas pensões com vencimentos milionários não se deveria ter dedicado à primeira linha da política. Deveria ter ficado um pouco mais por baixo, para agora estar financeiramente mais por cima. Não se pode ter tudo…


2 comentários:

mdsol disse...

Tb acho que o lamentável lamento tem um tudo nada de inveja. Afinal é tão catedrático como o outro e ...

vlouro disse...

Mas não se pode acreditar em tudo o que o senhor diz! Um prof universitário com 40 anos de descontos (mesmo nas extraordinárias condições resumidas pelo JMCP) não pode obviamente ter só 1300 € de pensão da CGA. O senhor pretende que sejamos todos parvos.