segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

SOBRE A EDP



A EXPLICAÇÃO



Causou certa estranheza que um governo tão servil à Troika e tão obediente aos ditames da Senhora Merkel tivesse vendido a EDP aos chineses, com preterição dos concorrentes europeus, nomeadamente alemães.

E houve até quem tivesse interpretado a decisão do governo como a primeira manifestação pública de distanciamento das amarras europeias, ao aceitar diversificar as relações portuguesas num sector estratégico com um dos países cuja “intrusão” na Europa começa a ser temida, inclusive por aqueles que nela mais advogaram as vantagens da globalização.

Vantagens que na tradicional hipocrisia europeia consistiam na deslocalização industrial, doravante feita em condições de completa segurança, e na importação a baixo preço de bens manufacturados de mão-de-obra intensiva bem como de produtos agrícolas a preços muito mais competitivos do que os proporcionados pela PAC. E por aí deveria ficar a globalização. Nada de investimentos externos, digamos não ocidentais, em sectores estratégicos da economia.

Afinal, percebe-se melhor agora que a decisão do Governo português nada tinha a ver com elaboradas estratégias de política externa mas antes com aquilo que é a típica matriz do PSD e a que o CDS pós ...tanta coisa de Portas também já se adaptou: contrapartidas! Pragmatismo!

Um partido construído bem à imagem dos militantes que o integram.

Portanto, nada melhor do que os chineses para albergarem no seio da EDP uma fortíssima clientela política, constituída por super boys, de modo a que, aparentemente, tudo se continue a passar como se a empresa se mantivesse sob a órbita accionista do Estado.

Aparentemente, apenas aparentemente… As contrapartidas existem e serão certamente bem reais - estas e, porventura, outras desconhecidas - mas o que do ponto de vista nacional existia antes, deixou de existir. Sobre isso que ninguém tenha dúvidas.  

Esta é também uma óptima lição para o PS, caso queira aprendê-la, sobre o europeísmo do PSD.

Como aqui já se disse por mais de uma vez, o PSD é um partido sem princípios. Move-se por considerações meramente utilitárias, para utilizar um adjectivo brando. Hoje defende a Troika e os seus princípios, rende subserviência a Merkel e aos alemães, mas amanhã tudo nele pode mudar sem aviso prévio. O que importa é que se mantenha à tona, mudando, se necessário for, alguns intervenientes mais arreigadamente ideológicos que não estejam dispostos a render-se.

Abreviando, o PS, se não se distancia rapidamente, corre o risco, lá mais para diante, de ficar sozinho a defender a Troika e o seu memorandum…




4 comentários:

jvcosta disse...

Já recuperaste da crise depressiva ;-)

Rogério G.V. Pereira disse...

Meu Caro, ou ando eu muito distraído ou isso já acontece... Se é verdade que foi Jerónimo de Sousa a utilizar a expressão "mais troikista do que a troika" é frequente ouvir dirigentes do PS reclamar que o PSD/CDS estão indo para além do compromisso assinado... designadamente para justificar a posição de votar na abstenção ao orçamento que, caso contrário, teria aprovado.

Anónimo disse...

Essa e de facto a realidade, e mais vira para complicar as contas do PS

Ana Cristina Leonardo disse...

o PSD é um partido sem princípios. Move-se por considerações meramente utilitárias, para utilizar um adjectivo brando. Hoje defende a Troika e os seus princípios, rende subserviência a Merkel e aos alemães, mas amanhã tudo nele pode mudar sem aviso prévio. O que importa é que se mantenha à tona, mudando, se necessário for, alguns intervenientes mais arreigadamente ideológicos que não estejam dispostos a render-se.

de facto, fica tudo dito.