DA SEMANA QUE PASSOU
Israel continua fazendo gala dos mui sui generis princípios democráticos por que se rege. Primeiro foi a proibição de Gunter Grass visitar Israel, considerando-o persona non grata depois da publicação do poema: “O que há que dizer”. Agora, deporta todos os que chegaram ao aeroporto Ben Gurion para participar numa jornada de solidariedade com a causa da Palestina.
Enquanto assim se passam as coisas na Terra Prometida, o neo-racista Bernard-Henry Lévi vai destilando o seu ódio por todos os jornais em que escreve contra quem se atreva a criticar Israel.
Governado pela extrema-direita, alguma dela oriunda do pior bas fond dos países de leste, Israel está hoje a anos-luz daqueles que em 1947 lograram o reconhecimento do país pela organização das Nações Unidas.
Espanha vai de mal a pior. Como se não bastasse a desconfiança generalizada relativamente ao governo Rajoy – desconfiança das capitais europeias, de Bruxelas, dos mercados financeiros quanto ao défice, quanto ao orçamento, quanto à situação financeira das autonomias, quanto aos bancos – também agora a Casa Real passou a ser uma fonte de problemas.
A incomodidade não vem só por via daqueles que pelo casamento se juntaram aos Bourbons, mas dos próprios Bourbons, em princípio incorrigíveis, como a história se não tem cansado de demonstrar.
A velha Espanha republicana, a institucional – não o povo –, guarda um silêncio quase sepulcral sobre tudo que diga respeito à Monarquia. Para quem aprecia de fora o que se passa em Espanha até fica com a impressão de que para o PSOE a democracia não é algo a que os espanhóis tenham direito, mas antes um presente que lhes foi oferecido numa bandeja pela Monarquia em troca do seu do seu inquestionável reconhecimento. E até se dá o caso de os maiores críticos dos eventos reais serem paradoxalmente a direita, que só com raras excepções não é extrema, e os próprios monárquicos, certamente cientes, uns e outros, de que o silêncio sobre o que é do domínio público acabará por seu o seu pior inimigo.
Pois agora o Rei, depois várias anteriores peripécias em que directa ou indirectamente esteve envolvido, foi em viagem semiclandestina caçar elefantes ao Botswana – caça cara, a cerca de 50 mil euros por peça – e fracturou a bacia em circunstâncias que somente ele poderá esclarecer. Ele que até é presidente de honra de uma ONG (WWF-Adena) que tem por fim a protecção dos elefantes como espécie ameaçada de extinção.
Não será de estranhar que a direita e os monárquicos vão preparando o caminho e fazendo as correspondentes “gestiones” para que, lá mais para diante, o Rei abdique “por motivos de saúde”.
Por cá prossegue em bom ritmo a fúria neoliberal do PSD como ainda ontem o Primeiro Ministro fez questão de evidenciar na deslocação aos Açores, sempre muito bem acompanhado pelo CDS que não perde uma oportunidade de ser fiel às suas verdadeiras origens – desprezo por tudo quanto é pobre ou trabalhador mal remunerado, uns e outros catalogados como uma espécie de malandros, que a sociedade só lucra em se desenvencilhar deles, deixando-os entregues a seu “natural destino”.
Agora é a segurança social que está debaixo de fogo cerrado …Nada de novo. Tudo estava previsto. O calendário é que lhes pode trazer surpresas, não obstante o envolvimento demagógico da respectiva agenda: “É preciso acabar com as pensões milionárias!”, slogan que traduzido à letra quer dizer é preciso entregar ao capital financeiro a segurança social dos ordenados médios e altos e deixar para o Estado o financiamento das pensões pobres. Que tenderão ser cada vez menos sustentadas, logo mais baixas…
4 comentários:
Tanta raiva, tanto negativismo ...
Já consultou um psiquiatra?
"Fim das pensões milionárias!!!" titulava, uma vez mais, um jornaleco cá do sítio. Quem não gosta desta música?.
Não concordo com o autor! O POVO só é enganado naquilo em que o quer ser! Quem não percebe que o objectivo é pura e simplesmente tirar do "brasedo" financeiro em que se vai transformar a S.Social, os rendimentos médios/altos e também "dar espaço" ao sector financeiro privado? Toda a gente percebe, não sabe quem não quer, que se trata de uma ambição, de muitos anos, da Direita e que irá ter como principal consequência uma sangria da actual Seg Social. O povão... o povão, como é uma coisa de todos acha que não diz respeito a nenhum em particular e portanto a cada actual ou futuro subscritor.
nota: não tenho encontrado muita má educação neste blog, incluindo os comentários, será que está a mudar?
lg
Respondendo a lg
O A não faz moderação de comentários. Confia nos leitores, além de que um blogue é um espaço de liberdade. Nunca um comentário foi censurado. Nem será,salvo se incorrer num ilícito penal explícito.
Cada um expressa a sua opinião, quando quer, com a mesma liberdade do A, e quem nos lê avalia.
infelizmente a realidade é esta, cada vez mais escura, de quem continua a querer acabar com o estado.
só não percebo porque razão não privatizam a CP e a Refer...
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