segunda-feira, 16 de abril de 2012

NOTAS SOLTAS





DA SEMANA QUE PASSOU

El rey posa con un elefante abatido en Botsuana junto al guía cinegético.



Israel continua fazendo gala dos mui sui generis princípios democráticos por que se rege. Primeiro foi a proibição de Gunter Grass visitar Israel, considerando-o persona non grata depois da publicação do poema: “O que há que dizer”. Agora, deporta todos os que chegaram ao aeroporto Ben Gurion para participar numa jornada de solidariedade com a causa da Palestina.

Enquanto assim se passam as coisas na Terra Prometida, o neo-racista Bernard-Henry Lévi vai destilando o seu ódio por todos os jornais em que escreve contra quem se atreva a criticar Israel.

Governado pela extrema-direita, alguma dela oriunda do pior bas fond dos países de leste, Israel está hoje a anos-luz daqueles que em 1947 lograram o reconhecimento do país pela organização das Nações Unidas.

Espanha vai de mal a pior. Como se não bastasse a desconfiança generalizada relativamente ao governo Rajoy – desconfiança das capitais europeias, de Bruxelas, dos mercados financeiros quanto ao défice, quanto ao orçamento, quanto à situação financeira das autonomias, quanto aos bancos – também agora a Casa Real passou a ser uma fonte de problemas.

A incomodidade não vem só por via daqueles que pelo casamento se juntaram aos Bourbons, mas dos próprios Bourbons, em princípio incorrigíveis, como a história se não tem cansado de demonstrar.

A velha Espanha republicana, a institucional – não o povo –, guarda um silêncio quase sepulcral sobre tudo que diga respeito à Monarquia. Para quem aprecia de fora o que se passa em Espanha até fica com a impressão de que para o PSOE a democracia não é algo a que os espanhóis tenham direito, mas antes um presente que lhes foi oferecido numa bandeja pela Monarquia em troca do seu do seu inquestionável reconhecimento. E até se dá o caso de os maiores críticos dos eventos reais serem paradoxalmente a direita, que só com raras excepções não é extrema, e os próprios monárquicos, certamente cientes, uns e outros, de que o silêncio sobre o que é do domínio público acabará por seu o seu pior inimigo.

Pois agora o Rei, depois várias anteriores peripécias em que directa ou indirectamente esteve envolvido, foi em viagem semiclandestina caçar elefantes ao Botswana – caça cara, a cerca de 50 mil euros por peça – e fracturou a bacia em circunstâncias que somente ele poderá esclarecer. Ele que até é presidente de honra de uma ONG (WWF-Adena) que tem por fim a protecção dos elefantes como espécie ameaçada de extinção.

Não será de estranhar que a direita e os monárquicos vão preparando o caminho e fazendo as correspondentes “gestiones” para que, lá mais para diante, o Rei abdique “por motivos de saúde”.

Por cá prossegue em bom ritmo a fúria neoliberal do PSD como ainda ontem o Primeiro Ministro fez questão de evidenciar na deslocação aos Açores, sempre muito bem acompanhado pelo CDS que não perde uma oportunidade de ser fiel às suas verdadeiras origens – desprezo por tudo quanto é pobre ou trabalhador mal remunerado, uns e outros catalogados como uma espécie de malandros, que a sociedade só lucra em se desenvencilhar deles, deixando-os entregues a seu “natural destino”.

Agora é a segurança social que está debaixo de fogo cerrado …Nada de novo. Tudo estava previsto. O calendário é que lhes pode trazer surpresas, não obstante o envolvimento demagógico da respectiva agenda: “É preciso acabar com as pensões milionárias!”, slogan que traduzido à letra quer dizer é preciso entregar ao capital financeiro a segurança social dos ordenados médios e altos e deixar para o Estado o financiamento das pensões pobres. Que tenderão  ser cada vez menos sustentadas, logo mais baixas…

4 comentários:

Anónimo disse...

Tanta raiva, tanto negativismo ...
Já consultou um psiquiatra?

Anónimo disse...

"Fim das pensões milionárias!!!" titulava, uma vez mais, um jornaleco cá do sítio. Quem não gosta desta música?.
Não concordo com o autor! O POVO só é enganado naquilo em que o quer ser! Quem não percebe que o objectivo é pura e simplesmente tirar do "brasedo" financeiro em que se vai transformar a S.Social, os rendimentos médios/altos e também "dar espaço" ao sector financeiro privado? Toda a gente percebe, não sabe quem não quer, que se trata de uma ambição, de muitos anos, da Direita e que irá ter como principal consequência uma sangria da actual Seg Social. O povão... o povão, como é uma coisa de todos acha que não diz respeito a nenhum em particular e portanto a cada actual ou futuro subscritor.
nota: não tenho encontrado muita má educação neste blog, incluindo os comentários, será que está a mudar?
lg

JM Correia Pinto disse...

Respondendo a lg
O A não faz moderação de comentários. Confia nos leitores, além de que um blogue é um espaço de liberdade. Nunca um comentário foi censurado. Nem será,salvo se incorrer num ilícito penal explícito.
Cada um expressa a sua opinião, quando quer, com a mesma liberdade do A, e quem nos lê avalia.

Luis Eme disse...

infelizmente a realidade é esta, cada vez mais escura, de quem continua a querer acabar com o estado.

só não percebo porque razão não privatizam a CP e a Refer...