AS PREOCUPAÇÕES DE
CAVACO
Muitas pessoas se interrogam sobre se Cavaco estará na plena
posse de todas as faculdades. Provavelmente não, mas há outros factores a ter
em conta.
Quando reina a maior confusão, seja ela encenada ou
verdadeira, sobre aquilo a que o Governo se comprometeu perante a Troika e promete
pôr em prática, Cavaco convoca um Conselho de Estado para tratar da situação do
país “no pós Troika”. Independentemente do que possam dizer alguns elementos da matilha que logo apareceram a enaltecer a clarividência do Presidente e de a
agenda do Conselho de Estado divulgada por Cavaco não corresponder à anunciada
pelo porta-voz oficioso do Governo/PR, não deixa de ser inacreditável que, no
preciso momento em que a maioria esmagadora dos portugueses está sob fogo
cerrado da Troika, das suas organizações de combate ideológico, como a OCDE, e
dos que internamente representam os interesses dos credores (Governo, Bancos, EDP,
Galp, rendeiros usurários das PPP, comentadores a soldo, etc.) e
simultaneamente se aproveitam para potenciarem e maximizarem a exploração e os
lucros, o Presidente da República represente aos portugueses como suas preocupações
essenciais a "situação pós Troika" e a publicidade sobre as alegadas divergências
entre os parceiros da coligação.
Cavaco não está minimamente preocupado com a situação dos
portugueses, nem tão pouco sobre o que as alegadas divergências poderiam representar
politicamente, mas tão-somente com o facto de elas serem do conhecimento
público! É esta atitude ultra reaccionária, anti-moderna, de quem entende a
política como algo que deve ser tratado nas costas e no silêncio daqueles a
quem ela se dirige que faz de Cavaco o maior problema político dos portugueses
no tempo que passa.
Urge por isso aproveitar todas as ocasiões, como as que na
próxima semana certamente ocorrerão, para pedir a renúncia de Cavaco. Cavaco é hoje o
grande problema político dos portugueses. Sem Cavaco estariam criadas as
condições para que as coisas passassem a ter um começo de solução.
3 comentários:
Participar contra a indiferença
porque não basta ter razão
Cavaco é um caso de estudo, em todos os campos.
há demasiadas coisas que não funcionam, dentro do que chamamos normalidade.
Para ser PR, bastaram-lhe as eleições e uma minoria, triunfante sobre abstencionistas e outros cuja falta de nobreza é clamorosa. Para o exercício das funções, o PR precisou da capacidade de entender e querer o sentido e alcance da Constituição que jurou - e carece dessa capacidade do princípio ao fim do mandato.
Se actua contra ela, mesmo que formalmente obedeça aos seus mecanismos, coloca-se fora da legitimação que lhe é inerente: ele não é presidente das Maurícias, mas da República Portuguesa.
O sistema constitucional contém mecanismos destinados a prevenir o dano gravíssimo do exercício de funções presidenciais apesar do quadro constitucional ou contra ele.
Creio que chegou o momento de impugnar a capacidade de Cavaco: sugerir-lhe a renúncia é o mesmo que reconhecer a sua capacidade de exercício.
Outro problema, é o de saber se os que o elegeram tinham o discernimento mínimo implícito na capacidade de eleitores activos. Creio que não tinham, mas isso não era tão evidente como agora.
Enviar um comentário