TRÊS EXEMPLOS
Para quem se deitou muito tarde e se levanta tarde, o dia não
poderia começar pior:
1.º - O Ministro Pires de Lima anuncia com pompa e
circunstância a requisição civil na TAP. Justifica-a invocando a supremacia do
interesse público sobre o interesse particular, a imagem da empresa e o papel
que a TAP desempenha no mundo como elo de ligação entre Portugal e as comunidades
portuguesas, além do seu inestimável valor na economia nacional.
Suspendi a respiração. Tentei ficar calmo. Não acredito no que estou a ouvir: "supremacia do interesse público", "inestimável valor para a economia nacional"; só uma imagem
me percorre o espírito. A patroa de uma casa de prostitutas convocando uma conferência
de imprensa para lutar contra a prostituição.
2.º - Cavaco chama a Belém, para os homenagear, os empregados
de uma câmara do Norte que encontraram na recolha do lixo um envelope com uns
milhares de euros e os entregaram à autarquia para devolução ao seu legítimo
proprietário.
“Três pintos é o que me
deve”, como diria o espingardeiro de Camilo (Mistérios de Fafe), quando devolveu
ao lavrador as cinquenta meias peças de ouro que encontrou no bojo do bacamarte.
Pois é, muito bonito. A honradez é um grande valor e um bom
exemplo. Pena que Cavaco quando lhe ofereceram mais do dobro do valor por que
tinha comprado as acções da SLN não tivesse tido um comportamento semelhante ao
do espingardeiro de Guimarães.
3.º - A TVI 24 depois de decretada a requisição na TAP leva à
antena para explicações um “especialista em direito do trabalho”. Conheço-o vagamente
de outros carnavais, mas juro que não sei o nome dele. O anúncio estava porém
erradamente feito. Não é um especialista em direito do trabalho, é um lacaio
dos patrões a falar sobre direito do trabalho. Alguém me pode fazer o favor de
recordar o percurso do dito…
1 comentário:
Imaginativa a imagem do bordel....!!! Concordo!
De qualquer forma, os trabalhadores, ou parte deles, têm desprezado a relação dos portugueses com a companhia. Esta frente unida contra a privatização é aparente e muitos grupúsculos "sindicais" estão apenas a tentar garantir os seus "especiais direitos" no processo. Ressalta igualmente nesta onda a hipocrisia de muitos dos opositores à privatização.
lg
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