quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

O DIA COMEÇA MAL


 

TRÊS EXEMPLOS

Para quem se deitou muito tarde e se levanta tarde, o dia não poderia começar pior:

1.º - O Ministro Pires de Lima anuncia com pompa e circunstância a requisição civil na TAP. Justifica-a invocando a supremacia do interesse público sobre o interesse particular, a imagem da empresa e o papel que a TAP desempenha no mundo como elo de ligação entre Portugal e as comunidades portuguesas, além do seu inestimável valor na economia nacional.

Suspendi a respiração. Tentei ficar calmo. Não acredito no que estou a ouvir: "supremacia do interesse público", "inestimável valor  para a economia nacional";  só uma imagem me percorre o espírito. A patroa de uma casa de prostitutas convocando uma conferência de imprensa para lutar contra a prostituição.

2.º - Cavaco chama a Belém, para os homenagear, os empregados de uma câmara do Norte que encontraram na recolha do lixo um envelope com uns milhares de euros e os entregaram à autarquia para devolução ao seu legítimo proprietário.

Três pintos é o que me deve”, como diria o espingardeiro de Camilo (Mistérios de Fafe), quando devolveu ao lavrador as cinquenta meias peças de ouro que encontrou no bojo do bacamarte.

Pois é, muito bonito. A honradez é um grande valor e um bom exemplo. Pena que Cavaco quando lhe ofereceram mais do dobro do valor por que tinha comprado as acções da SLN não tivesse tido um comportamento semelhante ao do espingardeiro de Guimarães.

3.º - A TVI 24 depois de decretada a requisição na TAP leva à antena para explicações um “especialista em direito do trabalho”. Conheço-o vagamente de outros carnavais, mas juro que não sei o nome dele. O anúncio estava porém erradamente feito. Não é um especialista em direito do trabalho, é um lacaio dos patrões a falar sobre direito do trabalho. Alguém me pode fazer o favor de recordar o percurso do dito…

1 comentário:

Anónimo disse...

Imaginativa a imagem do bordel....!!! Concordo!

De qualquer forma, os trabalhadores, ou parte deles, têm desprezado a relação dos portugueses com a companhia. Esta frente unida contra a privatização é aparente e muitos grupúsculos "sindicais" estão apenas a tentar garantir os seus "especiais direitos" no processo. Ressalta igualmente nesta onda a hipocrisia de muitos dos opositores à privatização.
lg