O OVO DA SERPENTE
Como qualquer pessoa informada saberá, o nazismo não começou
em Auschwitz nem com Auschwitz. Não se caminhou directamente para a “Solução
Final”. Cerca de dez anos decorreram entre as primeiras medidas de
discriminação dos judeus, a decisão de os exterminar e o extermínio
propriamente dito.
Normalmente - é essa a lição da história - começa-se pelo
património. Pelas medidas de confisco ou de extorsão, consoante os casos. Na Alemanha
nazi, os judeus foram deixando quase tudo quanto tinham para poderem sair do
país; simultaneamente, foram sendo desalojados das suas casas em várias
cidades, nomeadamente em Berlim, para que grandiosos projectos arquitectónicos
e de reurbanização pudessem ser levados a cabo (é nesse contexto que Albert
Speer começa a notabilizar-se).
E assim se foi caminhando gradualmente até ao extermínio. É bom
lembrar que quando a “solução final” começou a ser metodicamente executada já quase
não havia judeus na Alemanha. Já tinham emigrado (os que possuíam meios
económicos para o fazer) ou sido “realojados” nos territórios conquistados.
O que actualmente se está a passar na Europa com os refugiados
envergonha qualquer pessoa. Mais ainda, muito mais, todos aqueles que por laços
jurídicos se encontram ligados aos países e regiões que tomaram as medidas
discriminatórias que são do conhecimento geral. Mas não basta ter vergonha, é
preciso que nas restantes matérias em que essa Europa quer interferir com a
nossa soberania sejamos capazes de rejeitar e repudiar essas interferências tão
ilegítimas quão “legítimas” são aos olhos dessa mesma Europa as medidas que a todos
nos envergonham!
3 comentários:
Nesta europa tudo é possível
até a sua extinção
Toda a gente sabe que esta hecatombe tem uma principalíssima causa: Invasão e destruição do Iraque. Portanto, deveriam ser os fautores dessa guerra de agressão a arcar com os custos, entre eles os da chamada crise dos refugiados. Ora nessa equação não teriam peso especial nem a Suécia , nem a Dinamarca. Se bem me lembro o Chirac (e até a Alemanha) arriscaram uma oposição(não terá sido por beatas razões), donde resultou uma , por vezes violenta, campanha anti-francesa por parte do americanos. Seria bom os portugueses, agora tão lestos e unânimes(na AR) sobre as obrigações morais e legais relativamente aos refugiados, se lembrassem que a cerimónia que selou a "aliança libertadora" do Iraque civilizacional se realizou em Portugal e com mestre de cerimónias então governante da pátria! É muito cómodo perorar sobre direitos e obrigações sabendo que não se vai pagar a factura! Há muita gente em Portugal que não hesita em aproveitar da desgraça alheia sem qualquer pudor ou preocupação de coerência.
As responsabilidades pelo que se está a passar são obviamente conhecidas . Já aqui o dissemos várias vezes, como verdade é que a Alemanha é de todos os grandes países o que menos responsabilidades tem em tudo isto. Menos do que a França, que embora tivesse tido a posição que se conhece sobre o Iraque, teve depois outras, muito diferentes, na Líbia e na Síria. Enfim, Chirac não é Sarkozy, nem Hollande.
Mas os refugiados estão aí. E esse é que é o problema, sendo absolutamente inaceitável o que ´fizeram ou estão fazendo os países e regiões citados no post.
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