A IMPRESSÃO DE UM DEBATE
Acabei de ver o debate entre Marisa Matias e Marcelo Rebelo
de Sousa. Mariza esteve melhor do que com Maria de Belém, embora nem sempre
tivesse sido rigorosa nas suas afirmações, mas percebeu – e isso é que importa –
que não estando Rebelo de Sousa habituado ao contraditório – quer na TV quer na
Faculdade (aulas) – a melhor forma de lidar eleitoralmente com ele era atacá-lo.
Atacá-lo, não tanto pelas decisões que tomou, já que afastado dos lugares de
decisão há muito tempo pouco haveria a atacar nesse domínio, mas
fundamentalmente pelas posições que semanalmente assumiu como comentador.
Acontece que Marcelo tem tido perante os ataques de que tem
sido alvo uma atitude muito diferente daquela sempre teve como comentador. No comentário,
Marcelo vertia frequentemente veneno, embora elegantemente e quase sempre com
ironia, não apenas sobre os “seus ódios de estimação”, mas também sobre aqueles
de quem intelectualmente desmerecia.
Hoje a sua atitude é diferente. Há uma espécie de vitimização
“soft” que ele julga eleitoralmente vantajosa pela afectividade que desperta no
eleitorado. Nunca contra-ataca, se possível elogia o adversário, e, mais
importante, deixa aparentemente cair com relativa facilidade algumas das mais emblemáticas
bandeiras da direita.
Politicamente o que isto significa é que a direita, apesar do
contexto em actua, está na defensiva e tem hoje mais dificuldade do que tinha ontem em apresentar-se
tal qual é.
Enfim, são as consequências de quatro anos de Passos Coelho e
de dez, principalmente dos últimos cinco, de Cavaco.
1 comentário:
O comentador está manso
e sem memória
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