O QUE SE PERFILA
As últimas sondagens sobre as
presidenciais apesar de integrarem, com excepção de um, putativos candidatos ao
cargo, não devem ter agradado nada a Marcelo e a Costa, embora por razões não coincidentes.
Não agradaram certamente a
Marcelo que vê esfumar-se a hipótese de bater um recorde que para ele era
importante – ter a maior maioria de sempre numa segunda volta
Não agradaram a Costa que vê numa
candidatura de Ana Gomes uma complicação com que não contava: haver alguém que
em nome do PS vai atacar o Presidente nos termos que menos lhe convém – de alguém
que a apresentar-se não deixará de fazer apelo à sua filiação partidária e de buscar
nela apoios visíveis quer para atacar o Presidente quer o próprio Primeiro
Ministro se este se distanciar, como certamente fará, da sua candidatura
Não agradaram também ao Bloco,
como Louçã já deu a entender antes do “tiro de partida”, por uma candidatura
como a de Ana Gomes retirar espaço ao Bloco, ou seja, a Mariza Matias; o que
convinha ao Bloco era que o PS não apresentasse candidato, deixando a Mariza o
terreno livre para penetrar no seu eleitorado.
Finalmente, não agradaram a quem
preza a democracia e as conquistas democráticas, porque com estes candidatos a
campanha reúne todas as condições para ser uma campanha iminentemente
populista, entre populistas
Entre o populismo paternalista de
Marcelo e o populismo exacerbado de idêntica matriz de Ventura e Ana Gomes fica
um espaço muito estreito para poupar a vida política portuguesa, não só nas
presidenciais mas também no futuro subsequente, às consequências de actores
políticos fanatizados na defesa de causas que apelam aos instintos mais básicos
das pessoas.
Neste sentido, Ventura e Ana Gomes pelo
ataque, descrença e desconfiança que lançam sobre as instituições democráticas e pela permanente secundarização dos direitos liberdades e garantias desempenham um
papel semelhante mesmo quando pretendem colocar-se em polos opostos do xadrez político.
Será que haverá em Portugal um
político que esteja disposto neste contexto a ir à luta para combater esta
maré que não pára de crescer?
5 comentários:
Importa não confundir Ana Gomes com Ventura. Gomes tem toda a razão quando afirma que a corrupção é a principal causa do crescimento entre nós do populismo.
O populismo vive do ataque às instâncias de intermediação entre os cidadãos e o poder, AR, tribunais, etc. Pretende construir uma relação directa entre o líder e as massas, em detrimento dos direitos individuais, em particular das minorias.
E não o faz em nome de uma moralização da vida pública (aonde é que indivíduos amorais como Trump e quejandos, ou entre nós Ventura, que já mudou vezes sem conta de posição e conta entre os seus correlegionários com gente que anda a ser investigada pela Justiça, poderiam servir de exemplo para o que quer que fosse?), fazem-no em nome do cinismo do 'os políticos são todos iguais'.
Ora é justamente a impunidade de políticos, financeiros, etc que contribui para o crescimento desse cinismo na população em geral. Entendo que Gomes é excessiva, recorrendo frequentemente a acusações genéricas (como a da lista de juízes que recebem bilhetes para jogos, como se alguém estivesse obrigado a responder a todas as acusações que circulam na Internet), mas ela tem razão quando diz que, a não ser que os resultados apareçam, as pessoas continuarão a descrer das instituições...
E no momento em que os cidadãos perdem o respeito pelo Estado, só resta o medo... Justamente aquilo que Ventura pretende utilizar para capturar o dito Estado. Gomes nunca faria tal coisa.
Quanto ao populismo paternalista de Marcelo é, pelo menos por agora, inofensivo...
Não disse que eram iguais. Disse que provocavam o mesmo efeito. E até poderia ter dito que parte da "pregação" de AG favorece a extrema-direita. Portanto, não estamos avaliar sentimentos, mas os efeitos dos comportamentos políticos. Apenas isso.
Completamente de acordo. Não faz sentido nenhum a comparação. Ao nível da defesa feita aqui da isabelinha da unitel.
Parece que é preciso explicar as coisas tintim por tintim a Jaime Santos
Arremete deste jeito sem jeito em prol de Ana Gomes ( e de Marcelo). Sobre Ventura, (um tipo asqueroso tanto ideologicamente como de carácter),avança com um "argumento" de peso,quando afirma que "conta entre os seus correlegionários com gente que anda a ser investigada pela Justiça"
É este tipo de linguarejar que desmascara os oportunistas e os demagogos. Como se entre os correlegionários do bloco central de interesses não se perfilassem exactamente sujeitos com o mesmo perfil do apontado para o Ventura.
É necessário uma outra postura e uma outra verticalidade, que passa necessariamente por um regresso aos valores fundamentais da democracia
Quanto à bênção dada por JS ao inofensivo prof Marcelo...
Quem vai apontando (e bem) as jogadas do Presidente da República, é Vitor Dias
https://otempodascerejas2.blogspot.com/2020/03/o-discurso-de-fundo.html
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