sábado, 27 de setembro de 2008

McCAIN/OBAMA - UM DEBATE SOBRE O IMPERIALISMO AMERICANO


UMA COMPLETA DESILUSÃO

Dificilmente se assiste a um debate tão decepcionante para quem esperava que da América pudesse vir alguma mudança. Pior, só mesmo a tradução simultânea da SIC. Uma vergonha!
Admito que possa ser muito difícil na campanha presidencial de uma grande potência hegemónica em declínio alguém tentar remar contra a maré, e apresentar uma visão diferenciada da política em geral, ainda por cima num país tão fanaticamente nacionalista como os Estados Unidos. Certamente, tenho isso em conta, assim como tenho em conta a missão salvífica que América a si própria se atribui. Mas mesmo dando de barato estas condicionantes, tenho que reconhecer que o debate, olhado de fora, só foi importante para se ficar a perceber como é que a América tenciona manter e impor no futuro o seu imperialismo. Nunca no último meio século, que me recorde, houve uma tão grande aproximação de objectivos entre os candidatos democrata e republicano. Creio também que, por esta razão, Obama foi derrotado por um grande reaccionário do qual nunca se conseguiu demarcar.
Começando pelo princípio. McCain conseguiu logo no começo, a propósito do plano Bush, mostrar-se suficientemente distanciado do que se está a passar na economia para não ser responsabilizado pela crise. Obama nunca foi suficientemente categórico na denúncia do capitalismo financeiro.
Depois, na política internacional, Obama só apresenta como “histórico”, para usar a terminologia de McCain, o ter sido contra a guerra do Iraque, embora hoje se fique sem perceber que nobres razões terão ditado o seu voto.
A propósito do Afeganistão e do Paquistão, Obama pareceu até mais belicoso do que McCain, o que não deixa de ser notável.
Sobre o Irão, McCain levou claramente a melhor, já que Obama não foi capaz de explicar o que verdadeiramente pretende dos iranianos. Dito de outra maneira, enquanto McCain tem clara consciência de que a sua beligerância está estrategicamente orientada no sentido de assegurar a hegemonia americana, nomeadamente no que respeita ao domínio das fontes energéticas, as posições de Obama, muitas vezes próximas das de McCain, parecem não ser ditadas por uma razão profunda. E depois, Obama não tinha nada melhor do que referir-se a Kissinger…
Quanto à Rússia, se a posição de McCain, como já se sabia, é perigosa por pôr em risco a paz mundial, a de Obama é profundamente decepcionante. Mais uma vez parece que ele é contra, sem saber porquê.

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