terça-feira, 4 de novembro de 2008

A RETORCIDA MENTE DE CADILHE



O POLÍCIA E O LADRÃO


Cadilhe confunde propositadamente o polícia com o ladrão. Pode o comportamento do polícia não ter sido – e seguramente não foi – o mais adequado, tanto na sua função preventiva como repressiva, mas daí a responsabilizar-se o polícia pelos “furtos” do ladrão vai uma grande distância.
O BNP tem uma longa história de ilegalidades de toda a ordem, como muito provavelmente outros bancos a terão. Sabe-se que as entidades reguladoras e supervisoras têm igualmente um largo historial de complacência com as fraudes do capital financeiro. Somente actuam, ou dizem que actuam, quando a questão passa a ser do conhecimento da opinião pública.
Estas duas responsabilidades, ambas graves, não se confundem. A inacção das autoridades de supervisão não torna lícitas as condutas dos que infringem a lei, seja ela fiscal, comercial ou penal.
Verdadeiramente, o que Cadilhe pretendia e pretende quando propositadamente confunde os dois planos era e é impedir a nacionalização do banco, e viabilizar uma solução onerosíssima para os contribuintes portugueses.
Cadilhe referiu-se a ela na conferência de imprensa, mas nem sequer teve a coragem de a explicitar. Porque “essas coisas”, essas espoliações do povo português são para tratar no silêncio dos gabinetes …
O que Cadilhe pretendia era que o Estado entrasse com 600 milhões de euros num banco falido, sendo-lhe atribuídas, em contrapartida, acções ditas “preferenciais”sem direito a voto, retribuídas à taxa de juro da dívida pública do ano anterior, acrescida de um ponto percentual. Por outras palavras, o Estado era chamado a fazer um empréstimo sem garantias a um banco falido, que continuaria a ser administrado e governado pela mesma gente!
Por este tipo de propostas, provenientes de um ex-Ministro das Finanças e também pelas anteriores condutas de Oliveira e Costa, tanto como presidente do BPN, como Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais nos governos de Cavaco e Silva (funções em cujo exercício fez grandes e injustificados perdões fiscais a diversas empresas) fica-se com uma pequena ideia do tipo de gente que nos tem governado e do que essa gente é capaz de fazer com os dinheiros públicos. Se a isto acrescentarmos as declarações de João Salgueiro, também ex-Ministro das Finanças, as de Rui Machete, que já teve responsabilidades no Governo e no Banco de Portugal, para não falar nas de Dias Loureiro, que se considera inocente e virgem relativamente a tudo o que se passou no BPN, fica feito o retrato de, digamos, um grupo de pessoas que vê no desempenho de funções públicas o meio mais simples para dispor a seu bel-prazer do dinheiro dos contribuintes portugueses!

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