domingo, 10 de abril de 2011

A EUROPA CONNOSCO!



E COMPROMISSO COM PORTUGAL, NÃO HÁ?


Não há dúvida a Europa está connosco. Já vejo Mário Soares a pedir à sua Fundação que inunde as ruas de Lisboa com cartazes e outdoors exprimindo ao eleitor incrédulo os laços fortes e inquebrantáveis que em quase nove séculos de história sempre ligaram portugueses aos finlandeses que desde Afonso Henriques veraneiam nas praias do Mindelo, mas já com time-sharing comprados no Algarve para, no século seguinte, terem um pouquinho mais de sol; aos intrépidos letões que passaram tantos séculos sem saber quem eram, mas que finalmente encontraram o bilhete de identidade há cerca vinte e poucos anos; aos corajosos belgas do plat pays… avec les cathédrales por uniques montagnes; para não falar dos Cavaleiros Teutónicos e da sua inigualável arte para se livrarem de inimigos incómodos e da fidelíssima França que, desde Clovis e o seu baptismo, passando por Napoléon, até ao sapientíssimo Sarkozy, sempre tentou, infelizmente sem êxito, ajudar Portugal a libertar-se do peso dos seus territórios - todos, mas todos sem excepção, estão hoje conjugados numa espécie de “banco alimentar” contra a especulação a fazer o seu melhor para que Portugal obtenha as melhores condições possíveis para lhes pagar o dinheiro que generosamente lhe emprestaram para comprar produtos que só por grande favor lhe venderam ou para obterem a devolução dos seus capitais excedentários cuja colocação financeira em Portugal foi decidida em prejuízo de múltiplas outras operações semelhantes que, por todo o lado, com rendimentos incomparavelmente maiores, poderiam ter sido obtidos como o subprime americano ou as acções do Lehman Brothers.

Citando apenas alguns grandes amigos:

Anders Borg, ministro das Finanças da Suécia: “A opção de atrasar o pedido foi muito irresponsável. Não haverá tratamento especial para Portugal”;

Christine Lagarde, ministra das Finanças de França: “Pedimos a Portugal reformas estruturais que não têm sido muito visíveis e agora é o momento de serem apresentadas”;

Jyrki Katainen, Ministro das Finanças da Finlândia. “Portugal terá de apresentar um pacote de medidas muito estrito ou não tem qualquer sentido garantir empréstimos. Terá de ser mais duro e mais abrangente do que o rejeitado pelo Parlamento. Se fizermos o nosso trabalho como deve ser com Portugal, o risco de contágio contra a Espanha tornar-se-á menor”;

Didier Reynders, Ministro das Finanças da Bélgica: “Estou bastante contente que se possa, a partir de agora, fazer a distinção (entre os três países mais frágeis e os outros);

Klaus Regling, director do FEEF: “A visão predominante do mercado é que este passo delimita as três economias mais fracas da zona euro e isso ajuda a evitar o contágio”;

Olli Renn, comissário europeu para os Assuntos Económicos: “ (Portugal precisará de) um programa multianual, que provavelmente se estenderá por três anos (…) E que deverá incluir um ambicioso programa de privatizações que ajudará a aliviar o fardo da dívida”.

Perante provas tão fecundas de solidariedade e de cortesia europeia, perante tanta acrimónia na forma de lidar com assuntos alheios, é natural que os portugueses, ou, no mínimo, muitos portugueses, sintam uma imensa vergonha por, pelo menos, aqueles que já exerceram funções de Presidente da República não tenham até hoje tido a coragem de assumir “Um compromisso com Portugal” reagindo com indignação e firmeza contra esta imensa humilhação de que o país está sendo vitima, contra essas infames declarações do c….. do Ministro das finanças da Finlândia, da p…da Ministra das Finanças Francesa, do s….do Comissário europeu dos Assuntos Económicos, e tenham antes optado por juntar a sua voz a um apelo para uma dócil, resignada e subserviente execução do Programa do FMI/FEEF!


TU QUOQUE, EANES?

3 comentários:

Anónimo disse...

Os fraternos povos europeus estão agora mais preocupados em "ajudar" os povos vizinhos da Líbia e os menos próximos como o Afeganistão, do que em meter dinheiro nos bolsos rotos dos tutsis e hutus da Ibéria ocidental. Estes precisavam seguir o exemplo de verticalidade e sentido de serviço filantrópico, enfim a da nobreza do ex-candidato à P.R..Desperdiçaram a sua desinteressada disponibilidade, parece que terão ainda mais uma possibilidade de arrepiar caminho, vamos ver.
NG

Rogério G.V. Pereira disse...

...e o povo islandês, pelo que fez, sofrerá na pele esta solidariedade e sintonia. Ou será que outros povos se irão erguer da sua letargia?

Ana Paula Fitas disse...

Caro amigo,
... já vai sendo um hábito mas, este será o segundo link do Leituras Cruzadas de hoje...
Abraço :)