O SENTIDO DAS PROPOSTAS
PARA ALÉM DE SEGURO E DE COSTA
O último post "O populismo de Seguro" parece ter dado lugar a algumas incompreensões. Ora, vamos lá ver se nos entendemos.
Quando consideramos
demagógicas as tentativas de Cavaco se demarcar dos políticos dando a entender
que está acima e por cima das “querelas político-partidárias”, ele que está
activamente na política partidária há mais de trinta anos, nós sabemos que ele
se dirige a um eleitorado que menospreza os políticos e a política, do qual, à
esquerda, nada temos a esperar.
Quando criticamos o populismo de Portas sempre que ataca os
pobres, criando com base em duas ou três situações anómalas as condições para reduzir
drasticamente a atribuição do rendimento social de inserção ou quando pretende destruir
as garantias de defesa em situações de flagrante delito, nós sabemos que Portas
apela aos baixos instintos do ser humano, à vingança, à inveja, à ausência de
solidariedade ou se dirige a um eleitorado que é ideologicamente contra o
assistencialismo ou contra o que considera o excessivo garantismo em processo
penal, em qualquer dos casos propostas dirigidas a um eleitorado do qual a
esquerda nada tem a esperar.
Quando censuramos o populismo de Seguro nós estamos
certamente a desqualificar politicamente o autor das propostas populistas. Mas se
o outro candidato a número um do Partido Socialista, além de qualificar Seguro
como populista diz que ele pretende desesperadamente ganhar votos na recta
final da corrida com base em propostas populistas, aí já está a dizer algo que
vai muito para além da desqualificação política de Seguro. Está a dizer que as
propostas populistas de Seguro são susceptíveis de cativar o voto do eleitorado
a que se dirigem. Só que este eleitorado não é um eleitorado qualquer. Não é o
eleitorado a que se dirige Portas nem aquele para o qual Cavaco fala. É, como
se disse, no post anterior a
verdadeira essência do Partido Socialista – o eleitorado composto pela alma e
pelo corpo do PS, ou seja, pelos militantes mais os simpatizantes que têm a
militância e o empenhamento suficientes para se inscreverem nas eleições primárias
mais importantes da vida do partido. Teoricamente tratar-se-ia de um eleitorado
de esquerda e como tal imune às propostas populistas mais vulgares.
Só que parece não ser esse o caso. Pois se o actual
Secretário Geral, profundo conhecedor do partido, apresenta sobre a recta da
meta propostas populistas é porque crê na sua eficácia e se o seu mais directo
contendor, igualmente socialista desde sempre, reconhece que com essas
propostas o seu adversário pretende desesperadamente ganhar votos é porque
ambos admitem que elas são susceptíveis de seduzir o eleitorado a que se
dirigem.
E aqui é que está o problema: é a que, a ser assim, o PS está
ainda mais à direita do que a esquerda supunha!
7 comentários:
Uma questão.
A forma como tem decorrido o debate, tanto em público como internamente, não vai deixar marcas irreversíveis no PS que resultar no final deste processo eleitoral?
Marcas mais acentuadas e imprevisíveis do que as que resultaram de processos anteriores?
Tanto mais que também sob o ponto de vista sociológico parecem desenhar-se diferenças no eleitorado de cada um deles?
De
O primarismo rebuscado, tendencioso, e até maldoso, das considerações sobre o tema epigrafado deste post, tiraram-me todas as dúvidas, aquelas que avancei em comentários anteriores. Fiquei devidamente esclarecido, e não voltarei a incomodá-lo.
Manoja:sendo o partido sucialista(não,não é engano) um bando alternativo (oq é o vara(de porcos),robalos e tutti quanti maffiosi) ao bando do psd eu,estoume cagando para o seu fingido distanciamento.Farewell.Adieu.
Que o psucialista seja reduzido às suas elites corruptas ou seja,nil!
Faz cá uma falta, Manojas. No anterior post, o que, aparentemente, por causa das suas tresleituras, deu origem a este, um comentador Zé Lucas mostra como se pode discordar de um post, mostrando-se alfabetizado.
Podia aprender...
Foska-se, onde isto chega!!!
A questão que o anónimo das 18,37 coloca parece-me muito pertinente. Como é que o PS vai sobreviver a isto?
Nunca como agora parece tão verdade a velha frase (Churchil?), segundo a qual "os inimigos estão no interior do partido...".
É evidente a fractura sociológica: o beautiful people da esquerda está com Costa e despreza o Seguro, com o seu ar de seminarista e blá, blá. Mas convenhamos que o Seguro fartou-se de dar tiros no pé.
Seja qual for o resultado
serão sempre primárias
Enviar um comentário