E DE UMA PEQUENA
POLÉMICA COM LUÍS FILIPE CASTRO MENDES
Aqui há tempos, no Facebook, mantive uma conversa com Luís
Filipe Castro Mendes sobre um elogio político que ele tinha feito a Ralf Dahrendorf.
De memória fiz umas citações do conhecido politólogo alemão, naturalizado inglês,
com base nas quais questionava o seu apego à social-democracia, nomeadamente
quando ele afirmava que a democracia nada tinha a ver com a economia ou ele não
tivesse sido um destacado membro do Partido Liberal Alemão (FDP).
LFCM pôs em causa essas citações, não compreendidas no seu
saber político, e até me “quis obrigar” a situá-las com página e obra,
elementos que eu manifestamente não dispunha no lugar onde me encontrava nem,
por outro lado, estava na disposição de o fazer porque nestas coisas o que
verdadeiramente conta é o sentido geral da obra do Autor e do pensamento que
ela encerra. E o que eu conhecia de Dahrendorf era, como continua a ser,
suficiente para o situar na esteira dos Popper e dos Hayek, ou seja, os grandes
arautos da liberdade dos mercados ou do mercado, conhecidos inimigos da
igualdade como valor político de raiz socialista.
E sobre isto nem sequer há grandes dúvidas, mas se as
houvesse lá estaria João Carlos Espada, grande apóstolo do neoliberalismo, para
as dissipar. No artigo evocativo do 20.º aniversário da morte de Popper, diz
Espada: “Quando a notícia me chegou (a notícia da morte de Popper), estava eu a
leccionar na Universidade de Brown, nos EUA, apressei-me a voar para Londres e
ainda pude estar no funeral de Popper. Nessa noite, viajando de carro com Ralf
Dahrendorf entre Londres e Oxford, mantivemos longos períodos de silêncio. O
nosso herói tinha partido. Mas o seu exemplo e os seus ensinamentos ficavam
conosco.”
E ainda dizem que Estaline tinha devotos…
3 comentários:
Ó Zé Manel Correia Pinto, eu nunca disse que o Dahrendorf não era liberal. Limitei-me, se bem me lembro, a recordar que a noção de "pacto social-democrata" (entendimento de base keynesiana entre a social-democracia e a democracia cristã em torno de políticas de estímulo à procura e de grandes investimentos públicos para a prossecução do pleno emprego) foi cunhada por Dahrendorf para qualificar o saudoso período a que hoje chamamos os "trinta gloriosos" (anos de crescimento do pós-guerra). Era Dahrendorf um liberal? Era. Eu só disse que ele introduziu essa noção de "pacto social-democrata", que não me parece totalmente afastada da realidade histórica. Quanto a polémicas contigo e exigências de referências bibliográficas precisas, não me recordo de todo, mas tu és um polemista e eu não. Agora, que um artigo memorialista do inefável Espada venha servir de prova seja do que for, isso não é digno da tua inteligência, José Manuel Correia Pinto!
a) Luís Filipe Castro Mendes
Meu Caro Luis Filipe
No teu facebook consta essa "exigência". Eu não então estava à espera dos teus elogios (social-demacratas) a Dahrendorf que sempre foi um liberal. Mas como não me esqueci da tua "exigência" acabei por te citar o Espada ...e contava com o teu sentido de humor, como tu podes sempre contar com o meu.
Abraço
CP
Um abraço
Luís Filipe
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