MARCELO EM ESPANHA
Noticia a imprensa espanhola que Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República Portuguesa, fez parte, juntamente com Filipe González, Rajoy e o presidente da Xunta de Galicia, Nunez Feijóo, do comité de recepção ao rei Filipe VI, no Fórum de La Toja, fazendo do acto uma espécie de comité de desagravo do rei de Espanha, depois dos ataques que este sofreu de membros do governo de Pedro Sánchez por ter quebrado a neutralidade política no recente episódio da entrega dos diplomas a novos juízes em Barcelona.
A presença de Marcelo neste acto e a sua participação ao lado das personalidades citadas é desprestigiante para o Estado Português, colocado pela imprudência do seu Presidente da República numa espécie de caudatário da monarquia espanhola e do seu monarca.
Portugal não é uma região autónoma de Espanha e a sua dignidade como Estado independente exige que o seu Presidente da República não se deixe levar por emoções nem por amizades pessoais sobre o que se passa em Espanha, tomando partido numa contenda que nos é alheia e sobre a qual Portugal não pode, por via seu mais alto magistrado, correr o risco de ser confundido com uma qualquer parcela de Espanha. Pior ainda ou tão grave é este gesto não poder deixar de ter implícito o sentido de que a Monarquia é uma espécie de instituição superior, acima de qualquer outra, que torna o seu representante imune a críticas contrariamente ao que se passa com qualquer instituição democrática em que os seus membros são escolhidos pelo voto popular. Este fascínio escondido pela monarquia também não é a primeira vez que aflora no comportamento de Marcelo, como se comprova, por exemplo, pela postura submissa com que saudou a Rainha de Inglaterra na sua visita à Londres (ver fotografia na net dos cumprimentos no Buckingham Palace)
Espera-se, portanto, que os candidatos à Presidência da República ataquem sem contemplações este comportamento de Marcelo Rebelo de Sousa, desprestigiante para o Estado Português.
02/10/2020
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