quinta-feira, 29 de outubro de 2009

A MALANDRAGEM VOLTA A ATACAR




NADA OS SACIA

Ontem, os telejornais da noite abriram com a notícia de que estava em curso uma investigação a uma gigantesca rede de corrupção, tráfico de influências - enfim, o costume -, tendo por alvo a acção de quadros médios e superiores de várias empresas públicas ou participadas pelo Estado. O essencial, mas não exclusivamente, dirá respeito a negócios do lixo e da sucata, negócios a que sociologicamente, em várias partes do mundo, costumam estar ligados bandos mafiosos. Pois por cá, para não ficarmos atrás e podermos não parecer modernos, também há gente que nas empresas públicas e participadas “trabalha” a favor de um certo empresário, viciando concursos, favorecendo negócios, aproveitando-se da sua relação familiar, pessoal ou estatutária com dirigentes daquelas empresas, para, a troco de vantagens pecuniárias, pagas cash, lhe assegurar os respectivos negócios.
Nada sacia estes delinquentes compulsivos que pululam na nossa vida pública. Gente que vem da política para as empresas, sem outros méritos que não uma especial vocação para a vigarice, ou gente que nessas mesmas empresas, ganhando muitíssimo mais do que merece, mesmo assim não hesita em ceder perante o crime, a troco de vantagens patrimoniais imediatas.
Ainda tudo está em investigação e, mais uma vez, tudo pode levar a parte nenhuma. Aliás, quando se ouve o Procurador dizer que a investigação é complexa e envolve variadíssimas empresas, a gente fica logo com a convicção de que, mais uma vez, os famosos meios humanos e materiais disponíveis acabarão por se revelar insuficientes para atacar com êxito a “complexidade da situação”. Tudo querendo abarcar, tudo acaba por se perder. As pessoas não percebem por que razão se não pega de imediato naquilo que é certo e seguro, mesmo que seja apenas uma ínfima parcela da trama criminosa, e não se avança imediatamente para julgamento. Ninguém vai perceber que, havendo gravações, a pedir dinheiro, em notas, pelos “serviços” prestados, se não julgue o mais rapidamente possível essas pessoas. De outro modo corre-se o risco, para não dizer a certeza, de nada acontecer, como se está ver com a não menos famosa “operação furacão”.
Este caso revela mais uma vez, à saciedade, a malandragem existente entre a política e os negócios. Essa mesma malandragem que deixou o BPN na situação em que se encontra – 3 mil e 500 milhões de euros, com o Presidente da CGD a dizer quer a Caixa não corre riscos, porque tem a garantia do Estado e o Ministro das Finanças a dizer quer o Estado ainda lá não pôs nem um tostão –, essa malandragem que a seguir ao exercício de funções governativas é colocada nas empresas para fazer o que está vista de toda a gente. Os méritos são conhecidos: são delinquentes profissionais e gozam da protecção de quem lá os coloca ou de quem defende a sua colocação nesses lugares.

1 comentário:

anamar disse...

Mas esta roubalheira não pára mais????
São umas atrás das outras...
abraço
:))