sexta-feira, 1 de abril de 2011

A RTP NA TRIPOLITÂNIA


E A BATALHA DE TRIPOLI QUE NÃO CHEGA


Há umas semanas, estando a RTP convencida de que a queda de Tripoli estava por dias, mandou para lá o Dentinho - um fulano muito integrado no pensamento do establishment europeu dominante, repórter residente em França a título vitalício, sempre pronto a transmitir-nos o ponto de vista dos senhores da Europa, como se fosse o seu - mas nada do esperado aconteceu.


Iniciados os ataques aéreos à Líbia "para defesa dos direitos humanos e das populações civis", nos termos que se conhecem, a RTP acreditou que, transferindo o repórter para o lado dos “rebeldes”, transmitiria uma perspectiva mais emocionante da tomada de Tripoli, depois de uma longa marcha iniciada em Bengazi, na Cirenaica. E então mandou para lá o José Rodrigues dos Santos.

O que à primeira vista estava parecendo uma questão de dias, ou até de horas, começou a tornar-se bem mais complicado, já que os ditos rebeldes nem a Sirte conseguem chegar, a poonto de por esta altura, os "benemérritos defensores dos direitos humanos já estarem a encarar a necessidade de ampliar a defesa daqueles direitos".

E, assim, nem com Dentinho, nem com Rodrigues dos Santos, a RTP nos consegue transmitir o que estava na iminência de acontecer.

Mas a analogia entre as duas situações termina aqui.

Rodrigues dos Santos é um repórter independente, de reconhecida competência profissional, corajoso, que, embora sabendo estar a testemunhar um jogo viciado, nem por isso deixa de arriscar a vida para nos mostrar o que se passa na linha da frente. Já Dentinho não foi feito para estas coisas. Quem assistiu aos primeiros bombardeamentos a Tripoli das forças "beneméritas"e à resposta das forças leais a Kadhafi não pode deixar de recordar o pânico com que Dentinho acompanhava os rebentamentos a quilómetros de distância, ele que em tantas outras ocasiões nos tinha gabado, noutras latitudes, as virtudes dos ataques inteligentes das “forças defensoras dos direitos do homem”. Dentinho, depois disso, deixou Tripoli e safou-se de um eventual “dano colateral” que, a ter acontecido, o impediria de continuar a desempenhar com muita fidelidade o seu papel relativamente aos poderes constituídos.

1 comentário:

Anónimo disse...

A chamada Comunicação Social incluídos os comentadores "residentes", politicólogos, sociólogos e restante tralha parece que, quando é iniciado um caso/campanha, agora é a Líbia, algúem distribui um papel com os temas e a respetiva "leitura". Depois temos o que se vê: conseguem as televisões no seu conjunto ser piores que a então monopolista RTP do execrável Proença de Carvalho. As reportagens da Cândida, da Márcia do Dentinho etc, são exemplos perfeitos dessa qualidade, antes de saírem de Lisboa já sabem tudo o que vão "ver".
LG