TODAS AS DESCULPAS SERVEM
Antes do 25 de Abril, a Guiné era a mal-amada. Durante a luta de libertação, os portugueses apanharam lá muita “porrada”. Os “grandes cabos de guerra”, primeiro Schultz, depois Spínola, foram lá derrotados por patriotas guineenses que apenas queriam ser independentes e acabar com a dominação colonial. Quando Bettencourt Rodrigues chegou à Guiné, para substituir Spínola, coube-lhe confirmar a derrota. Mas fez questão de chamar, para o acompanhar no seu juízo, o clarividente Costa Gomes, que igualmente constatou o que ele próprio já há muito sabia.
Mal chegou a Lisboa, comunicou o resultado da sua visita a Marcelo Caetano. E logo a direita se pôs a congeminar uma maneira de largar a Guiné e manter o resto do “Império”. Ainda agora, na “Alvorada Desfeita”, Diogo de Andrade, pseudónimo sob o qual se esconde um reaccionário que não quis dar o nome, num verdadeiro ajuste de contas com a história, se esforça “literariamente” por demonstrar que tudo teria dado certo se tivesse havido mais firmeza da Cavalaria 7 no Terreiro do Paço e se, na sequência da derrota do 25 de Abril, a Guiné tivesse sido perfidamente abandonada. Sem ela o “Império” ter-se-ia mantido numa estrutura federal, com a colaboração de algumas elites africanas corruptas.
Mas a Guiné é ainda mal-amada pela direita portuguesa, porque foi lá que verdadeiramente se forjou o 25 de Abril. Sob a retórica demagógica de Spínola e da sua corte, bem aproveitada pelos oficiais democratas do quadro permanente e contrariada por largos sectores da oficialidade saída das universidades que lá prestava serviço, foi-se consolidando a ideia de que a derrota era inevitável e que a questão colonial somente poderia ser resolvida com uma mudança de regime.
O percurso da Guiné-Bissau, depois do reconhecimento da sua independência por Portugal, não tem sido fácil, apesar de, no começo, ter tido quase tudo a seu favor. Quando as ajudas de outros Estados e das organizações internacionais começaram a escassear, Portugal não apareceu nem com a convicção exigida, nem com programas suficientemente aliciantes, para se impor como grande parceiro do Estado guineense. No fundo, era a velha ideia do tempo colonial que voltava a fazer o seu curso. Tudo se tornou muito evidente, quando depois da deposição de Nino e da derrota das tropas senegalesas que foram em seu auxílio, Portugal se afastou e não respondeu afirmativamente a uma interessante proposta de Ansumane Mané para uma cooperação aprofundada em praticamente todos os sectores da economia e da administração pública guineenses. Colaborando com os franceses e com os burocratas de Bruxelas na realização imediata de umas eleições sem sentido, pelas condições e pelo contexto da sua realização, Portugal ajudou a entregar o poder a elementos irresponsáveis que mais não fizeram do que arrastar, como era previsível, a Guiné-Bissau para o pântano em que hoje se encontra e do qual muito dificilmente sairá.
E agora, depois de mais uma tentativa de normalização, Portugal mais uma vez simbolicamente se afasta, não estando presente, ao mais alto nível, na tomada de posse de Malam Bacai Sanhá.
Cavaco não poderia arranjar pior desculpa. Não ir à Guiné-Bissau à tomada de posse do novo presidente com a desculpa de que em Portugal se está em campanha eleitoral, além de ser uma ofensa para os guineenses, constitui um atestado de menoridade passado aos portugueses. No fundo, é sempre a mesma questão, o mesmo preconceito antidemocrático: as eleições são um tempo de anormalidade.
Que se pode fazer relativamente a pessoas que não aprenderam nem interiorizaram a cultura democrática na idade própria?
Antes do 25 de Abril, a Guiné era a mal-amada. Durante a luta de libertação, os portugueses apanharam lá muita “porrada”. Os “grandes cabos de guerra”, primeiro Schultz, depois Spínola, foram lá derrotados por patriotas guineenses que apenas queriam ser independentes e acabar com a dominação colonial. Quando Bettencourt Rodrigues chegou à Guiné, para substituir Spínola, coube-lhe confirmar a derrota. Mas fez questão de chamar, para o acompanhar no seu juízo, o clarividente Costa Gomes, que igualmente constatou o que ele próprio já há muito sabia.
Mal chegou a Lisboa, comunicou o resultado da sua visita a Marcelo Caetano. E logo a direita se pôs a congeminar uma maneira de largar a Guiné e manter o resto do “Império”. Ainda agora, na “Alvorada Desfeita”, Diogo de Andrade, pseudónimo sob o qual se esconde um reaccionário que não quis dar o nome, num verdadeiro ajuste de contas com a história, se esforça “literariamente” por demonstrar que tudo teria dado certo se tivesse havido mais firmeza da Cavalaria 7 no Terreiro do Paço e se, na sequência da derrota do 25 de Abril, a Guiné tivesse sido perfidamente abandonada. Sem ela o “Império” ter-se-ia mantido numa estrutura federal, com a colaboração de algumas elites africanas corruptas.
Mas a Guiné é ainda mal-amada pela direita portuguesa, porque foi lá que verdadeiramente se forjou o 25 de Abril. Sob a retórica demagógica de Spínola e da sua corte, bem aproveitada pelos oficiais democratas do quadro permanente e contrariada por largos sectores da oficialidade saída das universidades que lá prestava serviço, foi-se consolidando a ideia de que a derrota era inevitável e que a questão colonial somente poderia ser resolvida com uma mudança de regime.
O percurso da Guiné-Bissau, depois do reconhecimento da sua independência por Portugal, não tem sido fácil, apesar de, no começo, ter tido quase tudo a seu favor. Quando as ajudas de outros Estados e das organizações internacionais começaram a escassear, Portugal não apareceu nem com a convicção exigida, nem com programas suficientemente aliciantes, para se impor como grande parceiro do Estado guineense. No fundo, era a velha ideia do tempo colonial que voltava a fazer o seu curso. Tudo se tornou muito evidente, quando depois da deposição de Nino e da derrota das tropas senegalesas que foram em seu auxílio, Portugal se afastou e não respondeu afirmativamente a uma interessante proposta de Ansumane Mané para uma cooperação aprofundada em praticamente todos os sectores da economia e da administração pública guineenses. Colaborando com os franceses e com os burocratas de Bruxelas na realização imediata de umas eleições sem sentido, pelas condições e pelo contexto da sua realização, Portugal ajudou a entregar o poder a elementos irresponsáveis que mais não fizeram do que arrastar, como era previsível, a Guiné-Bissau para o pântano em que hoje se encontra e do qual muito dificilmente sairá.
E agora, depois de mais uma tentativa de normalização, Portugal mais uma vez simbolicamente se afasta, não estando presente, ao mais alto nível, na tomada de posse de Malam Bacai Sanhá.
Cavaco não poderia arranjar pior desculpa. Não ir à Guiné-Bissau à tomada de posse do novo presidente com a desculpa de que em Portugal se está em campanha eleitoral, além de ser uma ofensa para os guineenses, constitui um atestado de menoridade passado aos portugueses. No fundo, é sempre a mesma questão, o mesmo preconceito antidemocrático: as eleições são um tempo de anormalidade.
Que se pode fazer relativamente a pessoas que não aprenderam nem interiorizaram a cultura democrática na idade própria?
6 comentários:
Este teu "post", com que concordo inteiramente, recorda-me um episódio de trabalhos nossos comuns, lembras-te? A nossa tentativa de recuperação do muito bom Centro de Medicina Tropical de Bissau.
Foi uma altura em que pensei várias vezes como é que conseguias encaixar-te naquela máquina infernal do MNE, com destaque para nós, na altura, para a cooperação. Anacoreta Correia, coitado, um bom exemplo da classe dirigente das últimas décadas, de gente baça, banal, sem ideias, "não me chateiem".
Mas também, uns tempos antes, a grande consideração com que fiquei, nesse assunto, por uma pessoa com quem lidámos: Maria de Belém.
DEPOIS DE TER LIDO ISTO
(…)
“O Presidente da Republica (de Portugal) telefonou-me a mostrar que, efectivamente, o governo entra em campanha, todos estarão em campanha, dificilmente ele poderá deslocar-se para vir assistir a minha tomada de posse e também dificilmente vai ter tempo para me receber (em Lisboa)”, explicou Malam Bacai Sanhá.
O Presidente eleito contava deslocar-se a Portugal para agradecer às autoridades portuguesas os apoios à Guiné-Bissau e para convidar pessoalmente Cavaco Silva para assistir à sua investidura.
(…)
A MINHA PRIMEIRA REACÇÃO FOI:
ESTE HOMEM [CAVACO], ALÉM DE MALCRIADO, É CRUEL! QUEM É QUE ELE PENSA QUE É?
OLHA OS PORTUGUESES NAO SE GOSTAM DOS GUINEENSES, MAS SEM AJUDA DE PORTUGAL A GUINE VAI DESENVOLVER, SOMOS OS NOS GUINEENSES QUE VAO DESENVOLVER O NOSSO PAIS, COM AJUDA DE COMUNIDADE INTERNACIONAL,NOS NAO QUEREMOS OS PORTUGUESES EM BISSAU PORQUE SAO RACISTAS.
Meu Caro Guineense desconhecido
Apenas uma pequena correcção. Nem todos os portugueses são racistas. Há certamente racistas, como há em todo o mundo, principalmente na Europa. E mesmo que algum estudo sociológico permitisse concluir que os portugueses são racistas, sempre haveria muitos que o não são.
De qualquer modo, está provado que a melhor forma de responder ao racismo é com o exemplo contrário, sem perda da dignidade.
Quanto à Guiné-Bissau, da qual muitos de nós tanto gostamos,só podemos fazer votos para que encontre o seu caminho com quem melhor a saiba compreender.
JMCP
De facto não gosto dos guineenses. São feios porcos e maus e podem estiolar no seu fétido pântano onde Portugal tem enterrado dinheiro para construir infra-estruturas que são destruídas durante o próximo e inevitável golpe.
Concordo, todavia, com o anónimo e impagável guineeense. Os guineeenses que estão cá voltem em massa para lá e o mesmo devem fazer os portugueses da cooperação. Sejam independentes, trafiquem coca, matem-se selvaticamente uns aos outros mas deixem-nos em paz e sossego e sobretudo, não visitem o Presidente nem convidem as autoridades para posses grotescas.
Cumprimentos
Os guineenses são uns porcos e fazem sexo com macacas. Estes comentários de diplomatas amaricados a dizer que nem todos os brancos são racistas não me interessam para nada,pois eu sou!
ps: E para o demonstrar vejam o excelente "pretoguês" do comentário do "anónimo disse...".
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