quarta-feira, 26 de agosto de 2009

A IMPUNIDADE ABSOLUTA

ATÉ QUANDO?


Aqui há dois ou três anos o Futebol Clube do Porto “comprou” ao Nacional da Madeira um avançado, então muito cobiçado por outros clubes do continente. O dito jogador nunca se afirmou no Porto, apesar de ter jogado com alguma regularidade no primeiro ano da transferência.
Constatado o relativo fracasso, para as exigências do clube nortenho, o FCP propôs-se emprestá-lo a outros clubes para atenuar as despesas da contratação. Só que o jogador recusava-se a sair durante a vigência do contrato. Este ano o treinador disse-lhe abertamente que não contava com ele e pô-lo à treinar à parte. Mesmo assim o jogador insistia em ficar.
Até que, aqui há uns oito ou quinze dias, à saída de uma discoteca de Vila do Conde, acompanhado da mulher, apanhou um valente “arraial de porrada”, que o levou ao hospital com ferimentos diversos e traumatismo craniano.
A primeira declaração do jogador após o sucedido foi logo para dizer que não apresentaria queixa contra os agressores. Agressores que ele terá reconhecido.
Passado dias, o jogador aceitou ser emprestado ao Sporting de Braga.
O ano passado um outro jogador do mesmo clube, também “comprado” a um clube madeirense, rescindiu unilateralmente o contrato que o ligava ao FCP e negociou novo contrato com o Atlético de Madrid. Interrogado, mais tarde, pela imprensa portuguesa, acerca das razões que levaram à rescisão, o jogador esclareceu que, por se ter recuado a prolongar o seu vínculo contratual com o FCP, foi ameaçado de levar um tiro no joelho.
Ontem ou anteontem, à saída de um tribunal da área metropolitana do Porto, o carro que transportava o presidente do FCP atropelou um jornalista e desobedeceu à ordem de parar dada por um agente da PSP. No dia seguinte, nem o jornalista verdadeiramente tinha sido atropelado, aliás ainda ponderava se deveria ou não apresentar queixa, nem a PSP terá dado uma ordem explícita de paragem. Tanto o agente da polícia como o jornalista trabalham no Porto.
Muito sinceramente eu sugiro ao MP que sempre que tenha de investigar estes casos, que aos olhos de muita gente não passam da ponta do iceberg, destaque gente de fora, no velho estilo do juiz de fora. E que as equipas de investigação vejam atentamente os sete volumes da série “Os Sopranos”. Está lá tudo. Evidentemente, com outra violência. O emprego da violência é, de resto, uma questão de inteligência. Por que usar violência excessiva se os objectivos em vista podem ser plenamente alcançados de outro modo? É a aplicação inteligente do princípio da proporcionalidade…

2 comentários:

Anónimo disse...

O ZM demonstra, neste seu texto,ter a coragem, que a muitos falta, de tornar público aquilo que todos conhecem.
Tão grave quanto a realidade que aqui descreve, é o sentimento de impunidade que, com este e outros comportamentos, está a crescer de forma assustadora, em Portugal.
A autoridade deixou de o ser, seja ela policial, judicial ou outra qualquer legítima.
Os riscos que se correm aumentam assustadoramente. O passo seguinte será o alastramento e agravamento dos conflitos sociais. Estamos a um passo, muito curto, de resvalar.
Não me admiraria nada se um destes dias aparecesse por aí um outro "salvador da pátria".

JR

FJCoutinhoAlmeida disse...

Pintinho:
Ora aqui está um assunto que, vindo da futebolite, tem dimensão para ser discutido como coisa séria. É que não se trata das minudências do penalte, do golo, do árbitro ... quando prejudicam o Benfica.
Falas aqui do problema da violência, da prepotência, da impunidade.
NÃO POSSO ESTAR MAIS DE ACORDO CONTIGO.
Mas ... espero que não esqueças os problemas das claques -incluindo as do Benfica, em especial os 'NNBoys'- e o apoio , pelo menos moral, de pessoas influentes o Benfica dado à ex-companheira de Pinto da Costa, para que ele vertesse em livro cenas também do foro íntimo, quando pessoas civilizadas deveriam abster-se de tal conduta. Fala-se no Presidente e numa jornalista (filha de um Senhor jornalista desportivo com nome ilustre, cidadão de corpo inteiro).