quarta-feira, 5 de agosto de 2009

RASMUSSEN: A AMBIÇÃO DO "GUERREIRO"


A NATO NO AFEGANISTÃO

Apesar de todas as críticas que diariamente vêm a lume sobre a intervenção da NATO no Afeganistão, inclusive da insuspeita Comissão de Assuntos Exteriores da Câmara dos Comuns, o novo Secretário-Geral da Nato, Anders Fogh Rasmussen, nada modesto nas suas ambições, quer que a NATO alcance o seu potencial pleno como pilar da segurança global, desde logo com uma vitória no Afeganistão, onde “permanecerá pelo tempo que for necessário”.
Como há muito se antevia e como agora começa a ser também evidente para alguns líderes europeus, a presença militar da NATO no Afeganistão está condenada ao fracasso. A ausência de uma estratégia clara e a recusa da sua presença pelos afegãos, retiraram qualquer sentido à acção da aliança Atlântica naquele longínquo território. Pelo menos, desde 2006, ano a partir do qual o número de militares ocidentais mortos não cessou de aumentar, que se pressente o desastre.
Bem pode a NATO rodear-se de “sábios” para a dotar de um novo conceito estratégico que sirva de divisa, doutrinal e militar, para a sua acção no século XXI, que tal conceito de nada e para nada lhe servirá se a Aliança for obrigada a retirar-se do Afeganistão como já antes, no séc. XIX, se retiraram os ingleses, ou, no séc. XX, os soviéticos.
Não falta mesmo quem preveja o seu gradual enfraquecimento e eventual extinção, face à pouca ou mesmo nenhuma vontade de os Estados europeus mais influentes (de que o recente exemplo do Reino Unido é o caso mais frisante) participarem no esforço de guerra do Afeganistão na medida solicitada por Washington. A teoria das alianças conjunturais, defendida na América pelos ultras de Bush poderá, paradoxalmente, ter tantas mais possibilidades de ser posta em prática quanto mais se ampliar, no novo conceito estratégico da NATO, a sua área de intervenção.
E, então, os “guerreiros” Rasmussen, Severianos e tutti quanti terão que quedar-se sós e desamparados nas suas ambições belicistas. Eles serão os rostos ridículos da derrota…

1 comentário:

Ana Paula Fitas disse...

Caro JMCorreia Pinto,
Amanhã farei link para este texto... finalmente, um tema útil e uma abordagem importante e interessante para a reflexão que, na blogosfera se tem esgotado, doméstica, na previsível dinâmica pré-eleitoral!... já se lhe sentia a falta.
Um abraço,
Ana Paula