UM ADITAMENTO
Alguns amigos, leitores deste blogue, fizeram-me chegar privadamente, por e-mail ou telefone, as suas preocupações sobre as possíveis interpretações de que poderia ser alvo o post aqui publicado sobre a escolha da próximo Ministro dos Negócios Estrangeiros.
Agradeço muito sinceramente a preocupação e a notícia que dela me deram, mas não vejo motivos para alterar uma linha que seja sobre o que escrevi, nem tão-pouco para participar num debate lateral sobre assuntos que não me dizem respeito.
O assunto que tratei e que está no cerne das minhas preocupações tem a ver com a defesa do interesse nacional na ordem externa. Outros assuntos nunca seriam aqui tratados e muito menos a propósito do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
O que é francamente preocupante é que entre sectores de opinião que se interessam por estas questões e não usam o “politicamente correcto” para exprimir as suas opiniões haja cada vez mais a convicção de que o Ministro dos Negócios Estrangeiros se não é escolhido a partir de fora é, pelo menos, escolhido de modo a agradar aos de fora.
E Portugal tem sofrido com isso pois como já se disse houve com o 25 de Abril uma mudança radical no sentido de se privilegiar o alinhamento com os fortes muitas vezes em detrimento de interesses que importava defender com outra determinação, situação esta que nos últimos tempos se tem agravado consideravelmente. De facto, já se tornou um hábito, encarado com naturalidade, ver o Ministro dos Negócios Estrangeiros pairar sobre os interesses nacionais como assuntos que dizem respeito a quem cá está. Ou até, o que é bem pior, desautorizar a “linha oficial” da política interna para defender pontos de vistas semelhantes aos veiculados pelas “grandes centrais” da ideologia dominante em manifesto detrimento de interesses nacionais.
E o mais grave é que na famigerada comunicação social que acompanha estes assuntos, o Ministro dos Negócios Estrangeiros aparece sempre muito bem cotado, tanto mais quanto menos se “imiscuir nos assuntos internos” do seu país! Essa ideia de que o Ministro de um país como Portugal tem é de se preocupar com a guerra no Iraque ou no Afeganistão, passar noites de insónias a tentar encontrar o “conceito estratégico da NATO”, ou a trabalhar afanosamente na conclusão dos tratados institucionais da União Europeia para agradar aos grandes independentemente das consequências que a sua conclusão possa ter sobre os interesses nacionais, ou ainda essa provinciana atitude de desdenhar do comportamento daqueles que, tendo a mesma dimensão que nós, resistem, contra todos, na defesa dos seus interesses, só pode merecer uma forte reprovação por mais isolado que se pareça estar nesta posição.
As acusações de “cosmopolitismo” em uso noutras latitudes e que tão desdenhadas foram, inclusive por certa esquerda, podem afinal ter mais razão de ser do que se supunha, já que há muitas vezes o risco, nestas funções, de perder a perspectiva ou pior ainda de a não ter quando já se parte sem ela…
2 comentários:
Podera ser que um grupo com elementos deste blog e mais criare um programa politico com base numa filosofia esxpressante para conseguir um sistema democratico, aporveitando o que temos de bom ou ja aprendemos para establecer um equilibrio sobrio entre um nobre povo e uns dirigentes politicos? Sera facil fazer uma constituicao apenas como credo ideologico dum povo que so espera por isso. Poder dicidir e poder ser senhor dos seus destinos. Temos gente ou para isso? Dr. Correia Pinto?
Excelente!... simplesmente, excelente!... eu, naturalmente! subscrevo... sem necessidade de fulanizações - tanto mais que, diga-se de passagem!, são todas -ou melhor, têm sido!- muito semelhantes, no que à essência da abordagem concerne.
Um grande abraço.
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