OU O BCE MUDA OU O EURO ACABA
Hoje já ninguém racionalmente saudável tem dúvidas: o BCE muda ou o euro acaba.
Mais: não basta ao BCE comprar em quantidades ilimitadas dívida soberana no mercado secundário. Isso pode acalmar relativamente os “mercados”, mas não resolve o problema. O problema só se resolve se a dívida passar a ser sustentável. E a dívida só será sustentável se a União Europeia crescer e com ela os Estados que a compõem.
O BCE tem, por isso, de financiar os Estados directamente a uma taxa de juro no máximo idêntica àquela com que financiou os bancos.
Inflação? Uma treta. Uma economia deprimida ou estagnada não corre o risco de inflação por aumentar a quantidade de moeda em circulação (vide EUA e Japão). E alguma inflação não faria nenhum mal ao euro. Pelo contrário, até lhe faria bem.
Os tratados? Sim, os tratados mudavam-se depois. Não há nada como fazer o direito depois dos factos….
Governo económico? Sim, também é necessário – governo económico democrático (quase a quadratura do círculo, a gente sabe, mas como dizia Jorge Amado a propósito de outra questão: não se perde nada em tentar e, principalmente, insistir). Mas depois de resolvido problema actual.
Se isto fosse possível, o euro salvar-se-ia. Se o referendum na Grécia, ou o seu simples anúncio, tivesse estas consequências, ele constituiria o facto histórico mais relevante deste início de século na Europa Ocidental.
Só que tudo isto não passa de um sonho de uma noite de Outono…
5 comentários:
Gostei da referência ao Jorge Amado, mas sempre era uma opção bem mais agradável. Olhe! Na vida política italiana e francesa há quem faça por isso! Um forte abraço
Corajosos,os gregos!!!
Na minha limitada visão sobre questão tão ampla e complexa, agora inclino-me para que, sim senhor, a zona euro, pelo menos a que existe, não tem futuro. Podem, portanto, os adversários, desde os bisnetos da D. Brites de Almeida aos restantes soberanistas, comemorar porque a vitória é certa e aproxima-se. Os portugueses que estão na Suíça, Alemanha, França etc. estão a levar de volta o dinheiro que para cá trouxeram, remessas futuras são uma miragem, o resgate de fundos acelerou embora toda a gente evite falar, portanto, a coisa está a ficar no ponto para que o povo se desenvencilhe das teias capitalistas e tome o futuro nas suas mãos. Só lhe vai faltar dinheiro para pagar a pronto com que satisfazer grande parte das necessidades básicas, mas isso é um detalhe.De qualquer modo osd portugueses terão o privilégio de ver o seu futuro no espelho grego, os tais que detêm a maior concentração mundial dos hediondos porshes germânicos.
A.F.
Fiz link... deste e de outro post!... e agradeço muito, claro!
Um abraço.
Carissimo Senhor José M. Correia Pinto,
Fiz link deste pertinente post no meu blogue. Manifesta uma análise cuidada, com detalhes bem interessantes e um texto escorreito sempre cativante para o leitor, como tenho reparado nas várias visitas que aqui tenho feito.
Saudações cordiais,
Nuno Sotto Mayor Ferrão
www.cronicasdoprofessorferrao.blogs.sapo.pt
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