quinta-feira, 6 de agosto de 2009

CARNEIRO JACINTO: LICENCIADO EM QUÊ?


A COMPLACÊNCIA DO MNE

Já aqui, por várias vezes, se fez referência à pouca vergonha que se passa no MNE em matéria de nomeações para o exercício de funções técnicas no quadro externo do ministério. Reina a maior arbitrariedade e não se encontra outro critério para as inúmeras nomeações feitas por este Governo, tanto por Freitas, como por Amado, que não seja a mais completa subjectividade de quem decide. Para que se não pense que se trata de palavras irresponsáveis, sem qualquer correspondência com a realidade, a lista dos nomeados, desde que este Governo tomou posse, consta de processos intentados contra o ministério e pode ser publicada, se necessário.
O número de nomeações e os motivos que lhes subjazem seriam só por si preocupantes, se outras razões houvesse. Mas há: Freitas do Amaral, armado em grande defensor do rigor das contas públicas, saneou cerca de vinte técnicos em exercício de funções no quadro externo, com o argumento de que se tratava de uma medida imposta pela “austeridade orçamental”. Breve se concluiu que tal argumento nada tinha de verdadeiro, pois o número dos que a seguir foram colocados nos mesmos e noutros lugares lugares corresponde grosso modo ao triplo dos saneados.
Nesta sua função saneadora, Freitas foi acolitado por um tal Carneiro Jacinto, porta-voz do Ministro ou seu assessor de imprensa, que recorreu a todos os meios habituais neste género de práticas para, demagogicamente, dar à opinião pública uma imagem completamente deturpada da realidade.
A história desse cavalheiro está contada aqui e logo, na história que então se contou, se duvidava abertamente das habilitações literárias que o dito assessor publicamente ostentava. Dizia-se licenciado em direito pela Faculdade de Direito da Universidade Clássica de Lisboa, apesar de contemporâneos seus garantirem que nem sequer o antigo 5.º ano tinha completo.
Recentemente a revista Sábado (23/07/09) apurou que não existe na FDL qualquer registo com o seu nome, sequer como aluno. Interessa, portanto, saber como aparece no anuário diplomático do MNE e em diversas nomeações publicadas no DR o dito cavalheiro identificado como dr., ou seja, licenciado.
A questão tem toda a razão de ser, já que o dito cavalheiro voltou a ser nomeado para o desempenho de funções técnicas no quadro externo do MNE por despacho recente do Ministro.
Já não está em causa mais uma nomeação, nem as escandalosas razões que, segundo o próprio em entrevista ao DN, teriam estado na sua origem. O que está em causa é a nomeação de alguém que dolosamente ostenta habilitações que não tem. O MNE nada faz e aceita com a maior tranquilidade esta situação. Alguém terá de apresentar uma participação crime no Ministério Público para esclarecer o assunto, já que do MNE não há certamente nada a esperar, tal a intimidade entre o visado e o ministério.

1 comentário:

Anónimo disse...

Eu não lhe chamaria complacencia mas quiçá cumplicidade por desleixo ou laxismo, típicos em Amado e Freitas.
Mas deixemos isto por ora, continuemos:
E o caso, que já está a ser investigado pela Justiça italiana, da carta de um alto funcionário do MNE que levou à prisão arbitrária de Rosário Poidimani?
O processo está em Tribunal e o Estado italiano já pediu explicações ao MNE.
Coisas assim não podem ficar submersas.
Este país é ou não é um país de Direito, uma democracia?
Se não é, então que as máscaras tombem.
Ou que alguém lhas retire!

JOSÉ TRAVASSOS VALDEZ,
Monte Matos, Alentejo