domingo, 9 de agosto de 2009

A MORAL POLÍTICA DE CAVACO


IGUAL À DO PSD


Quem persiste em fazer passar a ideia de que há uma grande diferença entre o PSD e Cavaco, não tanto do ponto de vista ideológico, mas caracteriológico, no fundo o que está a tentar fazer passar é mais uma mistificação em que a política é pródiga.
Cavaco e PSD são uma e a mesma moeda, para utilizar uma linguagem mais próxima dos destinatários. Nem de outro modo faria sentido que fosse. Pois não foi Cavaco Silva presidente do PSD por mais de dez anos? E não foi o PSD e a restante direita que o elegeram? Tentar fazer passar a ideia de que entre Cavaco e a típica matriz do PSD (do PSD tal como todos o conhecemos, com os seus nomes sonantes, e tudo ao que aos mesmos anda ligado) há uma considerável diferença seria tão mistificador como tentar demonstrar que há uma grande diferença entre o PS e Mário Soares, Cunhal e o PCP ou Portas e o CDS/PP.
Cavaco na vida privada teve vários empregos, várias reformas, segundo os jornais, negociou com bancos geridos por gente do PSD, alguns deles a contas com graves problemas de justiça; na vida pública relativizou frequentemente o Parlamento (o que significa pouco apego aos mais genuínos princípios democráticos), governamentalizou a maioria parlamentar que o apoiava, foi sectário com os que o contestaram dentro do partido, apelidou de “forças de bloqueio” os contra-poderes institucionalmente consagrados, fez apelo ao “trabalho” em termos próximos do salazarismo (“Deixem-me trabalhar; deixem-me trabalhar”!) no sentido de que somente o trabalho político feito por ele era produtivo e o dos demais destrutivo e, por último, fartou-se de legislar em véspera de eleições, ele que agora como PR já fez um apelo a que não se legislasse e um lamento compungido por ter de trabalhar em férias!
Se em todo este conjunto de “virtudes” há algumas que são comuns aos partidos que têm estado no poder em Portugal, outras há que são típicas de um partido como o PSD. Um típico partido de direita, mentalmente rural e conservador, que perfilha propositadamente uma ideologia difusa, embora explícita na acção, tanto pelos meios como fins, mas que na sua própria apresentação pretende fazer-se passar por uma força que apenas se preocupa com os verdadeiros interesses nacionais, alheando-se da política e da politiquice dos partidos que só dividem. Ou seja, perante um povo politicamente inculto e de fraco apego democrático, faz passar a mensagem mais antidemocrática como uma virtude.
Cavaco interpreta e faz passar este entendimento da política ainda de forma mais nítida que o PSD, embora este, ultimamente, em virtude do primarismo político da sua dirigente máxima dele se aproxime, por nem sequer saber interpretar de outro modo a própria acção política.

1 comentário:

Ana Paula Fitas disse...

Ainda bem que os meus amigos me dão matéria para eu poder fazer um bom "Leituras Cruzadas" na próxima 3ªfeira! Abraço :)