quinta-feira, 2 de junho de 2011

AS SONDAGENS E O RESTO


COMO VAI SER COM O PS?

Desde há dias que as sondagens começam a manifestar uma clara tendência para a vitória da direita (PSD/CDS), desde que se começou a abrir um pequeno fosso entre o PSD e o PS e se consolidou, simultaneamente, uma subida do CDS relativamente às eleições de 2009. Por outro lado, a estabilidade da CDU, ou uma ligeira subida, não é suficiente para compensar a queda do PS e menos ainda a do Bloco que, como se previa, também descerá.  

Se as urnas confirmarem as tendências que as sondagens manifestam, PSD e CDS terão maioria absoluta. Isto quer dizer antes de mais que Sócrates não conseguiu impedir na ponta final da campanha a subida do PSD, apesar de todas as “gafes” de Passos Coelho e das prestações, muito criticadas, de alguns dos seus apoiantes. O que, por outras palavras, significa que não será Passos Coelho a ganhar as eleições mas Sócrates a perdê-las.  

E muito dificilmente não seria assim. Desde logo, porque reina entre o eleitorado volátil (que em Portugal é muito significativo) um grande descontentamento com muitas das medidas ultimamente tomadas pelo Governo; depois, porque os eleitores cansam-se com facilidade de quem está no poder há vários anos. Mas para além dessas causas, há uma óbvia campanha nos media (RTP, incluída) contra Sócrates e a favor da direita, que ao fim de tanta insistência acabou por produzir efeitos, além de que alguns dos apoios que Sócrates recebeu durante a campanha, como os de Soares e de Seguro, favoreceram mais o adversário do que propriamente o apoiado e outros, porventura mais sinceros – se é que são – primaram pela falta de entusiasmo, como os de Costa e de Assis, principalmente.

Sócrates deu sempre a impressão de ser um homem só…ou mal acompanhado.

O próprio CDS tirou partido desta situação, crescendo também ele à custa do PS e um pouquito do Bloco, que parece não ter perdido para o PS tanto quanto se esperava. A CDU, em princípio, manterá o resultado de há dois anos ou melhorá-lo-á ligeiramente.

Perante este quadro, que, a fazer fé nas sondagens, é o que começa a consolidar-se, a direita já pede mais do que uma simples maioria absoluta PSD/CDS. Quer o apoio do PS para as políticas que vai pôr em prática, receosa que está de não conseguir controlar a rua. Mas não só: há alterações constitucionais a fazer que serão muito mais fáceis de levar a cabo se o PS estiver dentro do que se estiver fora. Daí as múltiplas vozes que nesse sentido já se fizeram ouvir tanto do lado do PSD, como do PS. Portas, temendo perder com esta aproximação, não dá sinais de sequer a encarar. Pelo menos, para já…

É evidente que esta pretendida solução tem uma dificuldade: Sócrates. Para que essa aproximação se consume é necessário afastar Sócrates. Irá Sócrates aceitar acabar a sua carreira política a seguir a estas eleições, como parece ser o desejo de certos barões do PS ou estará ele disposto a continuar na luta, mantendo-se à frente do partido? E terá, para isso, apoios suficientes?

6 comentários:

Anónimo disse...

Sócrates não perde contra a direita: perde também contra o outro ramo da mesma tenaz, formado pelo PCP/BE. Quando isto der para o torto vamos ver em que armazém ficam as "conquistas de Abril"...

Luís disse...

Anónimo, as "conquistas de Abril" ficam no armazém do PS, onde provavelmente com o seu apoio, as congelaram.
A derrota de Sócrates é a continuação da humilhação dos que, no PS, ainda se pensam do lado das conquistas de Abril.

Manojas disse...

Sim, tudo leva a crer que o PSD vai ganhar e o PS vai perder. Era o que a direita pretendia e,vergonhosamente, a esquerda radical também.

Anónimo disse...

A questão é que o mundo não é uma pagina em branco como muitos querem fazer crer, principalmente o BE e o PC. O PS fez muito para defender o sistema social atraves da sua modernização e reforma. Num contexto europeu e internacional neo liberal um pequeno país periferico de economia aberta, "sem moeda" e numa união europeia tendencialmente federal dificil fazer melhor sem apoio. O BE e o PC são partidos lapas que vivem do descontentamento e que para crescer precisam da ajuda da direita, na sua (vã) tentativa de tentar reformular o PS por dentro.
São os maiores amigos da direita e vice-versa.O resto são palavras ocas e realidades ácidas. Prefiro o naked lunch.

Carlos Vale disse...

Para o PS, as conquistas de Abril, foram parar à mesma gaveta onde engavetaram o socialismo.
Carlos Vale

Anónimo disse...

Era capaz de identicar este segundo Anónimo. Pelo estilo (terá um Blogue?)e apoiante do PS. Hum...
Sicrano