sexta-feira, 3 de junho de 2011

O "DAY AFTER" DO PS

COMO VAI O PS DECIDIR?


Continuando a ter como certo que o PSD ganhará as eleições e deixando para domingo o modo como se vão distribuir os votos entre os “partidos da troika”, a grande questão que se coloca é como vai o PS posicionar-se depois destas eleições.
Na hipótese pouco provável de a maioria absoluta no Parlamento apenas se poder fazer com os votos do PSD e do PS, poucas ou nenhumas seriam as possibilidades de o PS resistir a uma coligação. Pressionados pelos credores estrangeiros e pelo capital financeiro nacional, os dois partidos estariam condenados a entender-se apesar de estas não serem as condições desejadas pelo PSD para formar governo. Este entendimento, tendo em conta tudo o que se passou, pressupunha o prévio afastamento de Sócrates e a sua substituição por alguém que o PSD não rejeite (e no PS não faltam não rejeitáveis) e que simultaneamente nesta campanha eleitoral tenha manifestado uma sincera disposição para colaborar na execução do programa da Troika, seja quem for o primeiro-ministro.
Com Sócrates fora, tantas e tão fortes seriam as pressões internas e externas para que se retirasse, na linha sucessória estariam, por esta ordem, Costa, Assis e, mais remotamente, Seguro.
Na outra hipótese, muito mais provável, de o PSD fazer maioria com o CDS, a presença do PS no governo continuará a ser exigida, tanto dentro como fora do partido, só que neste caso Sócrates tem muitas mais condições para se manter como secretário-geral, salvo se tiver uma votação humilhante. O mais provável, neste contexto, é que Sócrates queira manter o partido de fora e aceitar fazer apenas alguns acordos pontuais, porém da máxima importância, como é o caso da revisão de certas normas constitucionais.
E esta hipótese, apesar das pressões que vêm sendo feitas noutro sentido, é a que acabará por defender melhor os interesses do próprio partido.
Em primeiro lugar, é a solução que mais convém a Sócrates que assim evita uma reforma prematura da vida política.
Mas não só: depois da entrada em vigor da Constituição, o PS nunca participou no governo como partido minoritário, servindo ostensivamente de muleta da direita.
O PS já fez coligações com essa mesma direita, primeiro com o CDS e depois com o PSD, mas sempre como partido maioritário.
Mais: o PS no governo sempre tem feito uma política de direita - fê-lo ostensivamente nos três governos chefiados por Mário Soares para o qual os grandes adversários sempre foram a esquerda e aqueles que dentro do próprio partido ou mesmo no governo queriam dar uma feição mais socializante ou social-democrata à governação (como era o caso de Arnault e de Zenha); lançou as bases para a consolidação de uma política neoliberal nos dois governos de Guterres com as privatizações em cadeia e a desregulamentação de amplos sectores da vida económica; e concluiu esse serviço com Sócrates, privatizando o que restava, proporcionando ao grande capital financeiro e da construção civil múltiplos e rendosos negócios à custa do contribuinte e, por fim, atacando o trabalho e os direitos laborais bem como certos sectores específicos do que resta do estado social, tudo na linha daquilo que são hoje os grandes objectivos que a direita se propõe alcançar para regressar, nas presentes condições, a uma situação político, económica e social semelhante à que existia antes da difusão das ideias socialistas no mundo desenvolvido e da respectiva consolidação de muitas das conquistas por elas directamente influenciadas.
Só que para um partido como o PS, com o eleitorado em que se apoia e com os militantes que o compõem, uma coisa é ser ele próprio a fazer aquela política, sempre com nuances que a distinguem da dos outros e com um discurso justificador, ora a defesa impositiva do interesse nacional, ora a melhor maneira de assegurar o essencial – e também com a possibilidade de dentro do partido haver uma meia dúzia de vozes discordantes, que lavam a sua alma protestando, mas que acima de tudo mantêm no imaginário do militante a ideia de um partido-outro que um dia se concretizará – e outra, completamente diferente, era aceitar participar num governo como força minoritária, ostensivamente como “muleta” da direita sem máscara.
Seria o começo do fim do PS como grande partido eleitoral e também o fim de muitas ilusões, indispensáveis à construção do tal imaginário que envolve e caracteriza o partido, sem a sobrevivência das quais passaria pura e simplesmente a ser avaliado pelos actos que pratica.

1 comentário:

Anónimo disse...

Esta democracia FALEIU faleui porque os politicos nao correspondem a vontade do Povo. As escolhas dos politicos nao e feita pelo Povo. Ja me referi a este sistema falido, que uma reforma sera necessaria para motivar a participacao do Povo. Isto nao e a democracia do Seculo XXI. Para chegar a terceira via teremos que comecar pela base e em tudo.Vejam o afastamento do Povo!